POEMA

 

 

Por Valéria Soares

 

 

(para o Valentine’s day)

Um perfume que não sinto…

Uma voz que não ouço…

Um sorriso que não vejo…

Uma gargalhada que não ressoa…

Uma música que não toca…

 

Chovia.

Ela desceu as escadas enrolada no edredom de estimação.

Lá fora, um zangado vento salpicava folhas pelo chão. Foi até a cozinha, fez um chá, pegou alguns biscoitos. 

Na volta para o quarto apanhou um livro. O dia não pedia outra coisa: ouviria música, leria um pouco ou muito, assistiria à tv. Talvez se conectasse e conversasse com alguém, que como ela, estivesse com medo de enfrentar o frio. Sorte que era feriado!

Mal chegou ao quarto, o telefone tocou. Atendeu. Do outro lado alguém perguntou por Margarida. Não havia nenhuma Margarida. Era engano. Desligou contente por não ter que conversar àquela hora. 

Novamente o telefone: o mesmo engano. Margarida ali não existia. Percebeu uma certa tristeza na voz que falava do lado de lá.

Continuou tomando o seu chá, segurando a xícara com as duas mãos para aproveitar o calor, mas já não estava tão quente quanto ela gostava. Aconchegou-se na cama e pôs-se a ler. Há dias aproveitava todo tempo livre para gastar com um romance adquirido recentemente.

Estremeceu com o novo toque do telefone, entregue que estava à leitura. “Será que é para Margarida?” falou achando graça. Desta vez, a pessoa perguntou com quem falava e pediu desculpas por estar importunando. Disse que estava fora do país há algum tempo e precisava muito conversar com a Margarida. Ela explicou que não conhecia ninguém com esse nome. Silêncio… Tentou falar com o desconhecido, mas ouviu apenas um soluço. Um aperto tomou conta do seu coração. O telefone foi desligado e ela ficou ali a imaginar quem seria esta mulher, quem seria este homem? O que teria acontecido para que se perdessem?…