POEMA

 

 

Por C. Alfredo Soares

 

 

Meu desejo é boca vermelha de batom. Olhar penetrante de navalha afiada. Cabelos negros com cheiro de jasmim. Meu desejo tem melanina que borbulham suor no encontro. Tem saliva na língua e unhas na nuca. Arranha, marca sua presença. Meu desejo me deixa maluca. Solta como pipa avoada nas mãos do meu homem. O vento me leva embora sem me importar onde vou parar. Meu desejo me libera de mim e me entrega ao eu que realmente sou. Emocional e instintiva. Meu desejo é animal que vence os bretes e se entrega a natureza de todo ser. Nem eu consigo domá-lo. Com ele, sou integralmente feliz. Mas não pense que sou boba. Meu desejo também ferve o sangue e vira larvar função abaixo que depois que queima faz o jardim florescer.