Nas cidades contemporâneas o consenso, para existir, precisa ser construído pelas sujeitas e pelos sujeitos sapiens. Mas para o senso comum existir basta o uso qualificado da ideologia pelas pessoas, também sapiens, que servem os verdadeiros donos do poder, que são os que se apropriaram do comum, das mercadorias e podem pagar a força de trabalho vendida. Assim convivemos, em cidades contemporâneas, como as do Brasil, mesmo que muita diferença e desigualdades exista diferenciada entre as pessoas.

Assim sendo, é importante afirmar que o acesso e a gira que envolvam todas as pessoas no exercício da inteligência existente podem fazer que exista censo e pitadas de bom senso, com influências de senso crítico. E como geral das cidades contemporâneas atuais vivem no capitalismo, mesmo que em suas várias versões e formações sociais da China à Finlandia, do EUA ao Brasil, o que sustenta e garante a existência do censo é a mercadoria universal, chamada de dinheiro, que está na disposição da organização via o Estado. O “consenso” de organizadores do Estado, existente nas várias veias de Governos e Academias, cria condições para pagar força de trabalho e gastar com condições para que o censo exista. E, o Brasil, o Governo Federal e o órgão de Estado responsável – INEP – assumem lugar central para o Censo estudiantil ser construído e existir.

O INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira – é uma comprovação disto afirmado acima. Licença para um parêntese aberto, pois precisa ser escrito aqui, para uma base necessária de esclarecimentos posteriores, que Anísio Teixeira foi importante educador Bahiano, principalmente com destaque nas décadas de 20 e 30 (vale geral com curiosidade pesquisar, pois haverá o que aprender).

Mas vamos em frente nas questões, pois, no país que o senso comum predomina um censo qualificado pode contribuir para o pensamento, os estudos, as reflexões e ações de transformações tão necessárias para haver vida. A grande maioria da população sobrevive para contribuir com o lucro que não sente, o que sente a maioria é a exploração para que lucro exista. Mas o tal lucro não para de crescer em poucos que são burgueses, mesmo em tempo de necropolítica, em que a grande maioria das pessoas que sobrevivem não conseguem viver e são as que mais morrem ou são impedidas até de sobreviver.

Portanto conhecer as várias veias que fazem o real, ou o verdadeiro existir, é um movimento mais do que necessário para entender o mais próximo do verdadeiro possível e elaborar o que fazer, como fazer e agir para transformar. Aqui, por enquanto, basta dizer que: transformar é necessário para viver.

Duas informações muito importantes para combater e superar o ambiente da ignorância que é imposto para maioria são: a primeira é que houve crescimento na lamentável taxa existente que mede o abandono de pessoas, na quase totalidade crianças, adolescentes, jovens, do chamado ensino fundamental; a segunda é que tal crescimento não foi acompanhada na chamada rede privada.  Ou seja, o que se chama no senso comum predominante de Rede Pública, na verdade a rede controlada e organizada pelo Estado nas suas três escalas brasileiras, foi o ambiente que impactou o aumento das taxas. Assim sendo, trata-se da grande maioria de pessoas formadas pelo povo original das américas – os indígenas – o povo das diásporas, o povo negro com destaque pela grande diáspora do mar, todas as pessoas que ocupam na grande periferia e nas favelas. Ou seja, as pessoas mais empobrecidas pelos donos do poder e seus administradores que são maioria na ocupação do Estado, e que conseguem chegar no ambiente da escola, foram mais uma vez pisoteadas pelas desigualdades.

Atenção, segundo o levantamento, qualificadamente construído na Academia, a região Norte do país foi a que mais sofreu com o abandono dos alunos. Tais percentuais do que chamam de abandono, existente no ambiente escolar que impacta ainda mais na juventude – pois trata-se do nomeado ensino médio – em 2020 foi de 2,3%, mas cresceu em 2021 para 5%. E isso que não é abandono e sim ações para a necessidade da sobrevivência, nas Unidades Federativas existentes na região Norte, o índice foi de 10,1%. Ou seja, é mais uma demonstração de que a fase da pandemia foi ainda de fortalecimento da necropolítica em todas as suas dimensões. Essas pessoas não só abandonaram as escolas, elas correram em busca de manter sobrevivência por meio de qualquer ação que possa trazer mercadoria universal para suas sobrevivências: uma jornada em busca de dinheiro para sobreviver.

As questões estão absolutamente compostas. Para que haja pessoas nas escolas administradas pelo Estado fazendo valer as múltiplas formas de superação da ignorância, tão necessária para o crescimento da inteligência coletiva, se faz mais que necessário conquistar a Renda Básica Incondicional e Universal. Com a renda básica será dado um passo importante para que crianças, adolescentes e jovens possam se dedicar mais e mais para o ensino e ampliar o repertório em busca do ensino popular, humanista e coletivo pela transformação a favor do Bem Viver. Nossa realidade não é consequência do tempo, quando se chama contemporâneo, moderno, etc, só vale para dizer que hoje as consequências são diferentes, mas com impacto mais forte e sentido por quem só tem a força de trabalho para vender e sobreviver. Ou seja, esse é o povo que pode ser os quem tira as amarras e os bloqueios para que possa existir humanismo e vida no mundo atual.