CRÔNICA

Por Valéria Soares

 

Há dias em que é antipática. Não aquela que não cumprimenta ou não sorri para os outros, mas a que não curte as postagens, a que se incomoda com o sorriso alheio estampado nas redes ; a que não quer saber quem viajou para praia ou para as montanhas ou quem está aproveitando a neve neste calor infernal.

Quer estar em tantos lugares, entretanto Lugar Nenhum é o que mais a atrai. Lá, se está calor, ela o refresca na medida certa; se frio coloca lareira e vinho, escuro; lua cheia. Triste; sol a pino.

Seu melhor lugar não pode ser postado. Revela-o – aos poucos – a quem quer e quando lhe permitem. Poucos o conhecem e pouquíssimos a ajudaram a construí-lo. Acredita que o melhor deste recanto são as pessoas. Quem poderia ser, sem a experiência de conviver?

Ah… os sentimentos consequentes da convivência. Para ela, regem tudo. É assim. Em tudo precisa de paixão. Sem; perde-se, desorienta-se. A paixão é o segredo mais profundo. Sempre a conduz, ainda que contida e disfarçada. Por isso o refúgio. Nele, ela anda despudoradamente como deve ser. Poucos sabem, poucos a conhecem.

Hoje está assim: antipática. Quer a solidão de estar com poucos, mas imprescindíveis. Quer o conforto de escolher o que a faz feliz e ser. Quer respirar. Rir alto, bem alto. Se tiver que chorar, por que não? Indubitavelmente, precisa da segurança do seu lugar. Pôr as coisas em ordem.

Quem sabe, depois, publique uma foto no instagram?