CONTO

 

 

Por Valéria Soares

 

 

Dezenas de pessoas sentadas na pedra com olhos atentos diante do mar. E ela só. Alguns têm binóculos e parafernálias tantas riem conversam têm os olhos atentos na linda tarde desenhada. Impossível ser infeliz! Possível pra ela. O mar se agita e bate nas pedras espuma respinga refresca a pequena multidão. Só ela fria. Intacta. Imóvel. Congelada de dor. 

O espetáculo começa uma densa cortina esconde o sol num ritmo lento e os olhares em suspense se sentem privilegiados de lá estar. Durante e ao fim da sessão tão esperada espocam os flashes poesia são feitas amores confirmados abraços são dados e ela só. Um violão geme todos acompanham formam um coral de estupefação e agradecimento em frente ao mar em cima da pedra ouvindo o barulho das ondas ao fundo. E ela só.

Quando o sol novamente brilha gritos aplausos ecoam no ar.

No fim de tudo todos se vão e ela sozinha imóvel e intocada envolta em dor abre os braços pro nada e mergulha no mar. Sem aplausos, sem flashes, sem público. Só! como sempre foi.