POEMA

Quando olho essa foto
sinto retroceder o tempo
me envolvo em uma capa gélida,
meus olhos formam um arco-íris,
que tingem a fotografia.
As montanhas começam a respirar
as nuvens se movem sem cessar,
os animais arando estão,
e o guajolotero começa a avançar.
Paisagens se cruzam pelo meu olhar,
crianças vejo correr pelos terrenos,
terras inundadas de milhal verde se aparecem,
mulheres e homens montados a cavalo vão.
Minha cabeça dá voltas,
pois têm muitas curvas no meu caminhar,
pessoas sobem, pessoas descem,
muitas delas jamais voltarei a olhar.
De repente, aparecem vendedores,
que a meus olhos fazem brilhar,
e ao meu estômago o fazem brincar.
Eu ouço ruídos de animais no teto
a galinha cacarejando vai,
a cabra solta seu melhor grito por liberdade,
e o porco tremendo de ansiedade.
Logo aparece na minha frente,
uma planície que é coberta pela colina da cruz,
milho, jaguatirica e serpente,
conformam sua identidade.
Meus olhos tremem com mais força
meus pés se enchem de cócegas,
minha garganta se lubrifica,
minhas mãos desejam caminhar sozinhas,
e minhas memórias se desprendem de mim.
Nisso eu escuto a voz do cobrador,
que me diz,
a viagem acabou,
às suas raízes voltamos,
Miahuatlán é o seu centro.


Traduzido do espanhol para o português por Mercia Santos / Revisado por Tatiana Elizabeth