CONTO

 

 

Por Valéria Soares

 

 

A igreja  do bairro oferecia cursos em sua obra social. Podia-se aprender tricô, crochê, pintura em tecido, a fazer bonecas de pano e culinária. Minha mãe frequentava alguns.

Apesar de muito criança – devia ter seis, sete anos – fui matriculada no curso de bordado. Era a maneira encontrada por minha mãe para ocupar minhas tardes. 

Recebi um pequeno retalho de tela, agulha e linha. Não havia sentido naquilo pra mim. Descobri que estava aprendendo ponto de cruz.  Não deu certo.

Depois veio o tricô. As meninas do bairro teciam sapatinhos. Eu, não!

O crochê só aumentou o desastre. 

Mais uma vez eu descombinava: era uma menina sem aptidão para trabalho manuais.  

Naquele tempo gostava de tecer histórias. Não as escrevia. Mas o mundo da lua era meu lugar preferido.