Um vídeo tem se espalhado com grande furor pelas redes sociais nas últimas semanas. Foi desta forma que uma mãe (Vania Rocha, auxiliar de limpeza)  pode reconhecer seu filho que se encontrava desaparecido, um jovem de 17 anos. Uma forma triste de reencontrar seu filho, uma vez que o garoto no vídeo aparece com sua testa sendo tatuado.

Segundo os homens que o pegaram no dia 09/06, o jovem tentava roubar uma bicicleta de um deficiente físico. Ao se depararem com a cena, pegaram o menino e o levaram para um quarto de uma pensão localizada no centro de São Bernardo do Campo. No quarto tatuaram o jovem e divulgaram o vídeo em redes sociais. Pode-se ouvir a seguinte frase – isso é pra vocês, seus ladrões filhos da puta. Vocês merecem morrer, velho. O curioso é que o cinegrafista – Ronildo Moreira de Araújo, de 29 anos, cumprira pena por roubo. 

O que sugere no mínimo uma certa hipocrisia por parte dos autores que foram  presos no centro de São Bernardo do Campo e vão responder processo por tortura. O crime previsto no código penal tem uma pena que pode variar de 2 a 8 anos de prisão.

Muitas questões surgem quando pensamos no ocorrido. Uma delas é – como um vídeo em que uma pessoa com claros problemas mentais é torturada pode ser ter viralizado e encontrado tamanho respaldo nas falas de – no mínimo – milhares de pessoas pelo Brasil? Porque só se tortura ou lincha jovens negros e pobres? Se olharmos para o nosso sistema carcerário veremos uma demografia assustadora – onde mais de 60% dos presos são negros. Tortura-se o jovem negro que supostamente teria tentado roubar uma bicicleta, é uma vingança seletiva. Um ódio seletivo. A minorias, a grupos historicamente marginalizados. Como fora possível retratar no atlas da violência de 2016 , a cada 100 homícidios, 71 são de pessoas negras.

Os casos de intolerância contra minorias ultrapassa fronteiras. Quatro mil negros foram linchados entre 1877 e 1950 nos Estados Unidos. Mais especificamente no sul, palco da escravidão de da forte segregação racial. O documento produzido pela Equal Justice Iniciative mostra a concentração dos linchamentos nos estados do centro sul americano.

  • Charge – Hiro