Em carta, SBPC manifesta repúdio a proibição da entrada de cidadãos de sete países nos EUA e se une a iniciativas de cientistas e acadêmicos pelo mundo que promovem boicote a conferências no país.

A SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) declarou “total apoio” aos cientistas norte-americanos que se manifestaram contra as restrições impostas pelo novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para entrada de estrangeiros no país. A solidariedade foi manifestada em carta enviada nesta segunda-feira (06/02) pelos brasileiros para a AAAS (American Association for the Advancement of Science), entidade coirmã da SBPC, mas se estende a toda comunidade científica mobilizada contra as medidas que podem afetar, inclusive, a livre circulação de pesquisadores e professores.

“Consideramos que estas restrições à mobilidade, baseadas em preconceitos racistas ou nacionalistas, são inconcebíveis e inaceitáveis”, afirma a SBPC no documento.

Assinado no dia 27 de janeiro, sob a justificativa de impedir o acesso de terroristas radicais islâmicos, um decreto executivo de Trump proibiu a entrada de cidadãos do Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen nos EUA.

Milhares de cientistas norte-americanos já estão mobilizados contra a proibição e ameaçam boicotar eventos científicos no país para protestar contra a medida.

“Nos comprometemos a não participar de conferências cientificas nos Estados Unidos a que não possam ir todos [os convidados], independentemente da sua nacionalidade ou religião”, afirma uma nota publicada pela organização Science Undivided, que já recolheu assinaturas de apoio de mais de 350 cientistas. De acordo com a entidade, “o pensamento científico é uma herança comum da humanidade”.

A União Astronômica Internacional realizou uma petição online que já reuniu cerca de seis mil assinaturas. “Apelamos ao presidente [Trump] para que retire esta barreira à ciência e à colaboração internacional. A comunidade da astronomia se recusa ser dividida e os signatários afirmam que, por uma questão de consciência, não podem continuar a gozar de privilégios de que outros colegas, estudantes e professores estão arbitrariamente excluídos”, diz o comunicado da União Astronômica.

Até mesmo as principais empresas de tecnologia da informação nos EUA já se manifestaram contra a proibição de Trump. Apple, Facebook, Google, Microsoft, Netflix, Twitter e Uber apresentaram, no Tribunal de São Francisco, na Califórnia, um documento em que se opõem à medida e pedem sua anulação.

Leia, na íntegra, a carta enviada pela SBPC para a AAAS clicando aqui.

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