Ilhan Sami Çomak, o poeta curdo que está encarcerado em uma prisão turca há 28 anos, recebeu o Prêmio de Poesia Metin Altıok e o Prêmio Norueguês pela Liberdade de Expressão (Metin Altıok Poetry Prize e Norwegian Freedom of Expression Award, respectivamente), o último compartilhado com o escritor e jornalista turco Ahmet Altan.

O júri do prêmio Metin Altıok declarou que “Ilham vem reconstruindo o mundo e a humanidade com uma poesia maravilhosa, cuja linguagem delicada fala de amor e paixão pela liberdade e de um sonho de paz, embora o poeta mesmo não usufrua desta liberdade há 28 anos”.

Quando Ilhan tinha 22 anos, foi preso, indiciado e condenado por incêndio criminoso, com sua própria confissão servindo como evidência. O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) determinou que a confissão havia sido obtida sob tortura. A respeito dessa situação, Ilhan comenta: “Minha condenação deve terminar em três anos e meio. Em 2014, enviei uma petição ao TEDH e, nos últimos seis anos, meu processo tem estado no Tribunal Constitucional da Turquia. Venho esperando uma resposta para as minhas apelações, mas eles continuam em silêncio […]”.

Ele explica também:

“As acusações que levaram à minha condenação são incrivelmente inconsistentes; tão fora da realidade ou de qualquer lógica que a minha sentença foi anulada duas vezes, em uma dessas ocasiões, inclusive, por uma Alta Corte Administrativa Militar. Fui julgado três vezes ao longo de um período de 22 anos, mas a sentença original, ditada pela comissão de três pessoas do Tribunal de Segurança do Estado – em outras palavras, um tribunal com um juiz militar –, nunca foi revogada. Embora as leis atuais limitem sentenças que alcancem os 22 anos, fui condenado mesmo assim… Além disso, sou curdo e, por muito tempo, uma prática cruel, chamada de “lei do inimigo”, tem estado em vigor para punir os curdos. […]”

Ipek Ozel, advogada de Ilhan que recebeu em Oslo o prêmio em nome do poeta, disse: “Estou tão emocionada por Ilhan e por Ahmet, e muito orgulhosa de Ilhan. Apesar de toda a maldade que teve que enfrentar, ele conseguiu proteger sua bela alma e não desistiu em momento algum, pelo contrário. É claro que está exausto desses longos 28 anos de encarceramento, mas é como Ilhan sempre diz, ele fica feliz ao ver sua poesia lentamente se consolidar e lhe trazer amor e amigos genuínos”.

Para mais informações sobre Ilhan Sami Çomak, você pode ler A Escada: uma conversa com o poeta cativo İlhan Sami Çomak e visitar o site de Ilhan. #freethepoet


Traduzido do inglês por Ana Carolina Carvalho / Revisado por Graça Pinheiro