CONTO

Por Luiza Machado

 

As horas parecem caminhar mais rápido à noite. Vagam pelos minutos, vagam espaços para pensamentos que não queria ter. Absolutamente mais gelada que o dia, a madrugada se parecia um verdadeiro congelador, enquanto os dedos, finos como galhos, pressionavam as cordas e se mantinham parcamente aquecidos, o espaço entre os pulmões parecia rarefeito, vazio, gelado. Sua mente, geralmente tão auspiciosa, era agora tomada por devaneios de caráter duvidoso e funesto. Veja bem, quando decidia por realizar algo, os motivos não fugiam de fazer o certo ou o mais agradável, sempre buscando a comunhão de ambos esses fatores. Todavia, pouco podia fazer sobre aquilo o que faziam com ela, de maneira tal, a conduta de terceiros sempre foi um mal nocivo aos seus sentimentos quando divergentes da ética e moral inerentes ao seu próprio caráter. A verdade é que, você pode ser bom o quanto quiser, mas o faça por si mesmo, por ser o certo e não espere nada de ninguém pois, pasmem, o revés em se fazer demais pelo ingrato reside na possibilidade de um dia o mesmo te trazer a seguinte epifania “eu nunca lhe pedi coisa alguma”. Leve seu bom coração até onde ele é precisado, o que pode não ser longe, quem sabe, ao invés de entrega-lo para outra pessoa, no futuro você o mantenha dentro do próprio peito, onde ele bate seguro.