OPINIÃO

Por C. Alfredo Soares

 

As vezes me faço de desentendido. Orbito sobre os fatos com cara de paisagem. 

É um ato de sanidade. Tento, ao menos,  preservar a minha. Espero a reação pra ver como a natureza alheia se revela. Nem sempre isto é possível, mas é um exercício necessário pra combater a hipocrisia que nos assola. As conclusões rasas podem prevalecer por algum tempo, mas elas são erguidas em cima da areia movediça que é a vida. 

Os fatos emergem mesmo que o sujeito não queira admitir. 

Em pouco tempo a convicção é coberta por uma sucessão de fatos que crescem rápido e destroem argumentos de porta de botequim ou redes sociais e seus robôs. 

Tenho estado com muita gente, que tem vergonha de não admitir que estão servindo mais como papagaios de pirata, sendo mais teimosos do que convictos. São obtusos  felizes. Argumentam com eloquência, mas sem fundamento algum. São sempre presas fáceis dos oportunistas de plantão. Para eles o tempo. No final ficarão frustrados com o êxito alheio, que no fundo lhes protegerá daquilo que não foi capaz de perceber. Terão reposicionar o cotovelo por causa das dores que sentirão. 

Pra esses me faço de desentendido, não discuto mais, sei que são marionetes dos poderosos da vez, independente da cor partidária. Amanhã aparecerão com a cara lavada, como se o tempo apagasse as pegadas que deixamos pelo caminho. Nada disso meu amigo. Cada tijolo dessa construção conta mais da gente do que supomos e todos ao redor sabem disso.  

Admitir o erro é melhor do que fazer parte do lado perverso da história. Mas faça isso enquanto sobrar perdão na balança da vida. Depois que tudo acabar, vai soar como hipocrisia. 

Pois a única certeza que eu tenho é que tudo isso VAI PASSAR. 

Como já dizia a bela canção de Chico Buarque nos chamados anos de chumbo.