SEGUNDA-ENCRUZA

 

 

Por Dândi-à-Deriva

 

 

No meio da Cidade, havia uma Exibição.

No meio do caminho, havia uma foto.

No meio da foto, havia um transeunte.

No meio da película, havia o adjetivo “pornográficos”.

No meio da Cidade, havia um andar.

No meio dessa ambulância, esbarrei com Rubem Fonseca.

No meio do caminho, estava Eu no caminho da pedra de Drummond.

No meio da pedra de Drummond, estava um abismo.

No meio do abismo, estava o verbo “Nomeio”. “No meio” logo existo.

No meio da carne, fez se o verbo.

Nomeio, do verbo, o espaço entre as artes. “Nomeio” “no meio”, ouviu-se a oitava.

No meio daquela oitava, caminhei a arte paleolítica.

No meio da pedra lascada, a palavra se faz pedra polida.

No meio da carne pornográfica, o carnaval veio me caminhar.

No meio do andar, nomeio minhas próprias entranhas.

A Arte de se andar pelas ruas é caminhar a si mesmo.

Nomeio, de tudo isso,

em meio a tantas notícias,

“Fake News”, pós-verdades e pós-mentiras,

no meio da Encruza,

à procura da poesia…