OPINIÃO

 

 

Por Eduardo Alves

 

 

Segundo informações oficiais da ONU, do Estado no Brasil, a população mundial é 3.700 vezes maior que a brasileira. Ou seja, a quantidade de pessoas que existem no Brasil exigiria mais 3.700 territórios com a mesma quantidade de habitantes para chegar na quantidade de pessoas existentes no mundo. Na semana que encerrou no dia 20 de março a notícia era que, durante o tempo da semana, para quatro pessoas mortas pela COVID uma estava no Brasil. Mas as surpresas alarmantes, que geram tristeza e indignação não se limitam a esses números. O mundo registra, no momento em que esse ensaio está sendo escrito, 2.692.806 óbitos causado pelo vírus e o Brasil 290.314. Ou seja, esse mesmo país que possui 1/3.700 pessoas do mundo, durante a onda criminosa da COVID, possui também 1/9 das mortes. A indignação e o medo tomam os sentidos com essa desigualdade mais evidente que a falta do pão no café da manhã.

Ações no mundo já evidenciam os tratamentos que são fruto das desigualdades. Segundo a ONU, nos tempos atuais, há 193 países no mundo. E, mais uma vez as drásticas surpresas desesperam a alma, pois, as notícias dos veículos que chovem informações, também na mesma semana, afirmam que apenas oito países possuem “restrições leves” para entradas de pessoas que partem do Brasil. Para além de viver o tempo de doença, morte, desespero, também se vive o período que as pessoas no Brasil são tratadas como insetos e precisam ser afastadas para não causar doenças. Uma metamorfose em velocidade que o tempo por sí só não pode explicar.

Destaca-se também, que se tais informações forem verdadeiras, são 117 países com as mais fortes restrições para os “insetos” do Brasil. Entre esses, vale destacar o país da colonização original Portugal e o da colonização atual os Estados Unidos. 

Muito importante aqui é, para que consigamos identificar e entender, além dos sentidos, as razões, consequências e ações necessárias para acabar com as “mortes matadas” impostas à grande maioria das pessoas. Vivemos hoje o maior impacto para que se tenha mais “mortes matadas” que “mortes morridas” e, nessas condições, todos os sentidos estão para além de alterados.  

Há uma variante amazônica do vírus – que não surgiu do nada e muito menos naturalmente – que encontrou na política de morte em curso pelo Estado as condições para existir. A mesma razão para a situação que as pessoas vivem sem a vacina e com a tosca narrativa mentirosa de que se trata de valores, preços, custos. No mesmo país os comandantes do Estado repassam para os grandes milionários do mundo e para o centro do imperialismo que domina o Brasil trilhões sem culpa. O argumento de pagar uma dívida inexistente não pode existir em tais condições. 

Um momento como esse grita por uma verdadeira EXCEÇÃO. Acalmem os sentidos, não se está falando de revolução e nem de superação total do capitalismo em escala mundial (só assim seria possível superar). O que aqui está se falando é um tempo para que um rápido fluido de bom senso chegue em dominantes que são os operadores das desigualdades em nome dos poderosos que roubaram e se apropriaram do COMUM.

Nesse breve estanque do tempo para ações favoráveis para a vida medidas como água potável, saneamento, moradia, alimentação para todas as pessoas, salário realmente mínimo, sem medo das pessoas se verem como sujeitos e alterarem o futuro, deveriam ser um consenso na “administração do poder”. Vale uma lembrança: o salário mínimo atual é de 1.100 reais e o DIEESE comprova que o salário mínimo deveria ser de 5.403 reais.

Não se está falando aqui, ainda em empregos para todos, investimentos em iniciativas variadas para a renda, investimento em educação, investimento em culturas, investimento em saúde com recuperação e amparo de investimentos no SUS, mais “serviços públicos” e criação da fundamental RENDA BÁSICA INCONDICIONAL E UNIVERSAL. Continuaremos lutando, em ações de comunicação, formação, solidariedade e inteligência coletiva para conquistar e manter a conquista com esses avanços. Mas que se registre, o que se está falando aqui é que o tempo é de exceção e que as ações precisam ser organizadas e voltadas para a garantia da vida das pessoas. Principalmente a grande maioria, que estão nas zonas mais populares, com os mais baixos investimentos do Estado e padecem em toda enorme periferia neste país colonizado que não larga as veias abertas.

Não é possível que a situação atual seja mostrada como se fosse obra de um vírus, que parece mais inteligente que os seres humanos e age como se fosse um grande estrategista. Não! O vírus mata, mas porque as portas do governo e do Estado no Brasil estão abertas para a morte e fechadas para a vida. E o grande SIM necessário que só será ouvido coletivamente exige de nós ações democratizantes, que se amparam na ciência acumulada no mundo e que vivam lampejos de investimento em pessoas e não em coisas. As pessoas não são coisas e o Estado, e os governos, precisam agora parar de se esconder em cinismo e mentiras e agir para a vida continuar existindo. Cabe a nós cobrar e agir para que isso ocorra e nossa metamorfose para seres humanos, sujeitos da vida, precisa ser agora superando perfil e marca de insetos como estão nos vendo no mundo e como estamos sendo tratados, mais do que sempre, nos tempos atuais. Portanto segue esse grito de alerta, nós diferentes, todos que precisamos vender força de trabalho para sobreviver, vamos superar os sentidos do medo que nos foi imposto e conquistar o direito de viver!