A produção artística nunca esteve desvinculada de seu contexto social. Assim aconteceu com a construção das estátuas gregas até às pinturas renascentistas, que transmitiam o antropocentrismo latente de sua época. O Carnaval 2020 foi marcado por letras com fortes críticas políticas, com destaque para Marcelo Adnet  imitando Bolsonaro fazendo flexões rodeado por um laranjal até as críticas de cunho religioso, como a Mangueira que trouxe um Jesus negro, jovem e cravejado de balas. Veja as letras das escolas de samba a seguir:

Mangueira 

    “Mas será que todo povo entendeu o meu recado?

    Porque de novo cravejaram o meu corpo

    Os profetas da intolerância

    Sem saber que a esperança

    Brilha mais na escuridão

    Favela, pega a visão

    Não tem futuro sem partilha

    Nem Messias de arma na mão”

    Portela

    “Índio pede paz, mas é de guerra

    Nossa aldeia é sem partido ou facção

    Não tem ‘bispo’, nem se curva a ‘capitão’

    Quando a vida nos ensina

    Não devemos mais errar

    Com a ira de Monã

    Aprendi a respeitar a natureza, o bem viver”

    Unidos da Tijuca

    “Lágrima desce o morro

    Serra que corta a mata

    Mata, a pureza no olhar

    O Rio pede socorro

    É terra que o homem maltrata

    E meu clamor abraça o Redentor

    Pra construir um amanhã melhor”

    São Clemente

    “Abre a janela, aperta o coração

    O filtro é fantasia da beleza

    Na virtual roleta da desilusão

    Brasil, compartilhou, viralizou, nem viu!

    E o país inteiro assim sambou

    Caiu na fake news!”

    Grande Rio 

    “Salve o candomblé, Eparrei Oyá

    Grande Rio é Tata Londirá

    Pelo amor de Deus, pelo amor que há na fé

    Eu respeito seu amém

    Você respeita meu axé”