Organização Mundial da Saúde destaca que tratar vítimas da prática custa US$ 1,4 bilhão por ano em todo o mundo; 6 de fevereiro marca o Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina.

A mutilação genital feminina acarreta um custo econômico e humano de US$ 1,4 bilhão por ano em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, OMS.

Em países individuais, esses custos podem alcançar, em média, 10% de todo o gasto anual em saúde. A agência diz que em algumas nações esse número chega a 30%.

Tema

A estimativa é de que existem no mundo atualmente, mais de 200 milhões de meninas e mulheres que sofreram mutilação genital feminina. A ONU Mulheres destaca que essa é uma prática prejudicial que altera ou causa intencionalmente lesões nos órgãos genitais femininos por razões não médicas.

Este ano, o Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, marcado em 6 de fevereiro, se concentra na mobilização de jovens para a eliminação de práticas prejudiciais, incluindo a MGF.

O tema “Liberando o poder da juventude: uma década de ações aceleradas para a zero mutilação genital feminina” busca conseguir apoio e promover o fim da prática em uma década.

Desigualdade

Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, “a mutilação genital feminina é uma manifestação flagrante da desigualdade de gênero que está profundamente enraizada nas estruturas sociais, econômicas e políticas.” Para ele, a MGF também é “uma violação dos direitos humanos e uma forma extrema de violência contra meninas.”

Em mensagem para o Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, Guterres afirmou que  “felizmente, entre 2000 e 2018, a prevalência dessa prática diminuiu 25%.”

Abuso

O diretor do Departamento de Saúde e Pesquisa Sexual e Reprodutiva da OMS, Ian Askew, destaca que “a MGF não é apenas um abuso catastrófico dos direitos humanos que prejudica significativamente a saúde física e mental de milhões de meninas e mulheres, mas é também um dreno dos recursos econômicos vitais de um país.”

Askew acrescenta que “mais investimentos são urgentemente necessários para interromper a MGF e acabar com o sofrimento que ela causa”.

Riscos

A OMS explica que mulheres e meninas que vivem com MGF enfrentam sérios riscos à sua saúde e bem-estar. Isso inclui consequências imediatas após o corte, como infecções, sangramento ou trauma psicológico, além de condições crônicas de saúde que podem ocorrer ao longo da vida.

Mulheres que foram submetidas ao procedimento têm maior probabilidade de sofrer complicações com risco de vida durante o parto. Elas podem enfrentar distúrbios de saúde mental ou sofrer infecções crônicas.

Fora isso, essas mulheres também podem ter dor ou problemas durante a menstruação, quando urinam ou têm relações sexuais. A agência da ONU destaca que todas essas condições requerem atenção e cuidados médicos necessários.

Sistemas de saúde

O diretor interino de Cobertura Universal de Saúde e do Escritório Regional Africano da OMS, Prosper Tumusiime, aponta que “os altos custos com saúde para os países aumentam devido aos trágicos impactos pessoais em mulheres e meninas.” Ele afirma que “os governos têm uma responsabilidade moral de ajudar a acabar com essa prática prejudicial.”

Segundo Tumusiime, “a MGF molesta as meninas e impõe riscos de saúde ao longo da vida das mulheres.” Fora isso, a prática também “prejudica os sistemas de saúde que precisam tratá-las.”

Custos

Usando dados de 27 países de alta prevalência, a análise da OMS demonstra benefícios econômicos claros com o fim da MGF. Se a prática fosse abandonada agora, a economia associada nos custos de saúde seria superior a 60% até 2050.

Por outro lado, se nenhuma ação for tomada, estima-se que esses custos subam 50% no mesmo período, à medida que a população cresce e à medida que mais meninas passam pelo procedimento.

A agência da ONU destaca que desde 1997, grandes esforços têm sido feitos para acabar com a MGF, através de trabalho nas comunidades, pesquisa e mudanças na legislação e nas políticas.

Unicef

Em mensagem sobre a data, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, destacou que uma em cada quatro meninas e mulheres sofreram mutilação genital feminina. São 52 milhões de sobreviventes desta prática que foram mutiladas pelo pessoal de saúde em todo o mundo.

A agência destaca que essa proporção é duas vezes maior entre os adolescentes. Essa faixa etária acumula 34% das vítimas de MGF realizadas em instalações médicas, com idades entre 15 e 19 anos, em comparação com 16% das vítimas da faixa entre 45 a 49 anos.

A agência chama a atenção para o aumento de pessoas que recorrem a profissionais de saúde para realizar este procedimento.

Atualmente, 26 países da África e do Oriente Médio têm legislação específica contra a MGF, assim como outras 33 nações com populações migrantes de Estados que praticam a mutilação genital feminina.

A OMS enfatiza que a mutilação genital feminina é reconhecida internacionalmente como uma violação dos direitos humanos. O procedimento não tem quaisquer benefícios médicos e somente causa danos.

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