por Vinícius B.C.

Em janeiro deste ano de 2017 uma série de massacres em presídios do Norte e Nordeste, trouxe a tona uma realidade dura – a vida nos presídios brasileiros. Internacionalmente conhecidos por suas péssimas condições, tais locais deveriam servir para reinserir pessoas que em tese não podem integrar a sociedade devido a práticas criminosas previstas no código penal. O Brasil é campeão internacional em número de presos. Possuímos uma das maiores populações carcerárias do mundo, perdendo apenas para China, Rússia e Estados Unidos. São mais de 600.000 pessoas.

Aos defensores de prisões medievais, lugares de tortura e ranger de dentes. Fica a pergunta –  para quem é destinada as prisões no Brasil? Mais de 60% dos presos são pretos ou pardos, segundo dados do Depen – Departamento Penitenciário. Os grandes traficantes saem ilesos. E existem problemas com relação ao acesso à justiça. Quem tem dinheiro paga bons advogados, quem não tem, usa a defensoria pública. E a taxa de reincidência, neste modelo, é altíssima.

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Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC), dirigida pela Fraternidade Brasileira de apoio aos Condenados (FBAC), é um contraponto no sistema prisional brasileiro. Que é marcado pelo desrespeito sistemático aos direitos humanos. Um vídeo produzido pela Conectas Direitos Humanos expõe esta condição de centenas de milhares de pessoas.

São destinadas para essas prisões presos classificados como de baixa criminalidade. Como aqueles que foram detidos por furto. Lá os presos são chamados pelo nome, e não por algum código numérico, e passam a maior parte do tempo (06h até às 22h) envolvidos em atividades como estudo e trabalho e não trancafiados em celas, apodrecendo.

Criada por Mário Ottoboni, o modelo já foi exportado para vários países. Através DESTE LINK  é possível ver a lista de países que adotaram o modelo de prisão humanizada.

Mário acredita que tem uma missão – humanizar as prisões e dar uma segunda chance para aqueles que cometeram algum delito.  O movimento é ligado ao cristianismo e teve início na década de 70.

Segundo a FBAC o número de reincidência é 3 vezes menor ao das prisões comuns. E o custo por preso também chega a ser três vezes menor. Os funcionários e voluntários que cuidam das prisões não usam armas. O ambiente é extremamente limpo, se comparado com as prisões convencionais. Os próprios presos são incumbidos da limpeza. São chamados de recuperandos e não de presidiários.

Prisões humanitárias são um caminho para a recuperação dessas pessoas. A tortura de presos só vai criar condições para que o que está confinado piore. Antes de mais nada é importante enxergar a humanidade nessas pessoas.

“Ninguém é irrecuperável” – Dr. Mário Ottoboni, fundador das APACs.