O bombardeio sofrido pelo paulistano pelo prefeito João Dória mascara uma série de ações desastrosas que sua gestão tem promovido no município de São Paulo. Com grande aparição em redes sociais como o Facebook, Twitter e Youtube, a primeira vista pode até transmitir uma imagem de homem comprometido com o que os gregos antigos chamavam de eudamonia, o “bem-comum”.

Em uma das propagandas veiculadas na televisão brasileira, o prefeito aparece promovendo suas ações na cracolândia. Atitude que lhe causara uma perda considerável de capital político com a saída de Patrícia Bezerra ex-secretária da pasta de direitos humanos. A mandatária da pasta, que é vereadora é ligada a defesa dos direitos humanos e seu pai tem um histórico de luta contra o trabalho escravo amplamente conhecido inclusive por instituições de caráter internacional como a Organização das Nações Unidas (ONU).

A maquiagem milimétrica não consegue apagar o contraste que a realidade dos fatos traz. Uma escola localizada na zona oeste de São Paulo há meses tem problemas com manutenção. Isso se enquadra em um contexto de fechamento de salas de informática e brincedotecas. Isto é fruto de uma política meramente quantitativa que visa encher salas de aula sem pensar em uma infraestrutura mínima para os discentes. Isto não é aceitável.

Agora apresentaremos uma entrevista feita com um pai de uma das alunas do CEI (Centro Educacional Infantil) Jd. das Vertentes, o mesmo não quis se identificar.

(Pressenza – Brasil) Qual é a sua relação com a escola e a comunidade local?

Sou pai de uma aluna do berçário 2, do CEI Jd. Das Vertentes e morador da comunidade local. Desde que ela passou a estudar na escola, venho a acompanhar uma melhora significativa  de seu desenvolvimento psicomotor, e do desenvolvimento de uma maior sociabilização. Fruto de um trabalho que envolve toda a comunidade, em seus projetos pedagógicos. Contudo a escola vem sofrendo neste ano letivo por questões relativas ao corte de verbas.

O que tem acontecido na escola que tem causado transtorno para os pais, alunos
e trabalhadores da educação ?

O corte de verbas que tem atingindo a qualidade da assistência das crianças no período em que estão na escola. No momento, a escola carece de itens de consumo – como papel higiênico, lenço umedecido, fraldas e material escolar.  A subprefeitura não está a realizar os cuidados com a Escola e seu entorno, como no caso da poda do mato, que já está mais de um ano sem ser cortado.

(Relato de uma mãe do CEI Jd das Vertentes em grupo do Facebook)

O que você acha que precisa ser feito para resolver a situação

Penso que os compromissos devem ser retomados e ampliados para se promover constantes melhoras em relação aos cuidados com as crianças dentro da CEI. Inclusive hoje, a refeição das crianças está pobre. O cardápio de todos os dias é o mesmo, o que não promove um aprendizado dos diferentes sabores existentes, e dificulta o desenvolvimento do prazer dos pequenos em estar na Escola, uma criança em período integral passa ao menos 10 horas por dia na CEI. Há muito o que melhorar.

Há algo que gostaria de falar?

Gostaria de dizer que a prefeitura deveria ter um maior zelo com aqueles que acabaram de nascer, além do que disse anteriormente, desde o começo do ano muitas famílias não recebem mais o leite, que vinha mensalmente, devido a burocracia imposta pela atual gestão da prefeitura. Hoje a família que quer receber o leite, é obrigada a apresentar uma série de documentos, incluindo o holerite, carteira de trabalho, comprovante de endereço, para um exame que visa dificultar o acesso ao direito da criança.

*Fim da entrevista.

 

Apesar do bombardeio publicitário, existem sérios problemas de gestão cometidos pela atual administração. O gestor que vende a ideia de “eficiência/racionalidade” que supostamente é aplicada no setor privado brasileiro, demonstra sua face com o descaso com a educação básica.

Os cortes no passe livre estudantil que afetaram centenas de milhares de estudantes da capital paulista. Recentemente houve um corte na alimentação das crianças. Elas não poderiam repetir a comida. Tal “política educacional” é instaurada sob a alegação de uma preocupação com a obesidade infantil. O que é esquecido é o fato de que muitas das crianças vêem nas merendas uma das poucas oportunidades de se alimentar decentemente. Com variedade. Muitas vezes vão para escola exclusivamente por conta da comida, pois em suas casas não há o que comer.

Nossas crianças não merecem isso.

(Merenda escolar como deveria ser/Merenda escolar como é)