O Mundo sem Guerras e sem Violência – Brasil manifesta sua profunda indignação diante da barbárie cometida nas favelas do Rio de Janeiro, resultado de uma política de segurança pública violenta, desumana e ineficaz, conduzida pelo governador Cláudio Castro.
O massacre recente, travestido de “operação policial”, é mais uma falsa solução para o grave problema da violência e do crime organizado. Nada será resolvido enquanto persistirem a conivência e a corrupção dentro das próprias forças de segurança, a circulação de propinas e armas, e a ausência de investigação real sobre as estruturas que alimentam o tráfico e a violência nas comunidades.
O governador do Rio de Janeiro se opôs à ação conjunta de inteligência proposta pelo Governo Federal para combater o crime organizado, preferindo apostar em uma lógica militarizada que multiplica o sofrimento da população e não enfrenta as verdadeiras causas da violência.
A população está sendo enganada. A retórica de “combate ao crime” encobre o extermínio sistemático da juventude negra e pobre, transformando as favelas em campos de guerra.
Por outro lado, é alentador e inspirador saber que milhares de pessoas — em coletivos, organizações e movimentos sociais — seguem se mobilizando pelo fim da violência de forma estrutural, por meio da educação, da solidariedade, da justiça social e da construção de uma cultura de paz.
O desenvolvimento da não violência como metodologia de ação é central nesse momento. A violência como resposta à violência gera um ciclo sem fim. Como sair desse ciclo, senão através da superação definitiva das respostas violentas? O pensador latino-americano Mario Luis Rodríguez Cobos, conhecido como Silo, fundador do Movimento Humanista — do qual nasceram diversas organizações, entre elas o Mundo sem Guerras e sem Violência —, traz essa dimensão profunda da prática da não violência como um estilo de vida transformador da realidade.
É uma dimensão humana que precisa ser acessada no interior de cada pessoa, que se baseia na regra de ouro: “trate os outros como você gostaria de ser tratado”, e propõe a coerência interna — pensar, sentir e agir na mesma direção — como princípio de ação no mundo e nas relações com os outros.
Essa reflexão é urgente num momento em que muitos passam a apoiar ações violentas em nome da segurança, e mais grave ainda, quando pessoas que se dizem cristãs justificam tais atos, esquecendo que a verdadeira fé e espiritualidade deveriam inspirar a paz, a compaixão e o amor.
No último dia 31 de outubro, no bairro da Penha, no Rio de Janeiro, centenas de pessoas, em sua maioria jovens das favelas do Complexo da Penha e do Alemão, se reuniram em um ato pela vida, clamando pelo fim do genocídio da população negra e favelada. Essa é a verdadeira direção: a união popular pela não violência, pela dignidade e pela vida.
O Mundo sem Guerras e sem Violência reafirma seu compromisso com a transformação da cultura da violência em uma cultura de paz e solidariedade, e convoca todas e todos a se unirem para exigir respostas reais, políticas estruturais e o fim da militarização das periferias.
Por um Rio e um Brasil sem guerras, sem violência e com justiça social.
Mundo sem Guerras e sem Violência – Brasil
Rio de Janeiro, 1º de novembro de 2025







