LITERATURA

Por Fabiana Scorzelli

O projeto “Histórias da Portela: 100 anos de Glórias”  é mais uma realização do coletivo Carnavalize e conta com a produção da JAC Produções, contemplado pelo Programa de Fomento à Cultura Carioca (FOCA), da Secretaria Municipal de Cultura, e conta com o apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro. 

Projeto engloba lançamento de livro, podcast e curso livre baseados no centenário da escola de samba

 

O coletivo Carnavalize realizou no dia 16 de dezembro, duas mesas de conversa com os autores e o lançamento do livro “Histórias da Portela: 100 anos de Glórias”, no Centro Cultural de Artes Calouste Gulbenkian, no centro do Rio. O projeto engloba o lançamento de um livro, de mesmo nome, com textos inéditos, uma série documental em formato de podcast e um curso livre, que envolve e celebra o centenário da escola de samba.

No próximo dia 6 de janeiro, será realizado um evento duplo em mais uma edição da tradicional Feijoada da Portela para marcar o lançamento dos dois livros do Carnavalize em comemoração ao centenário da Portela, são eles “Escola de samba: árvore que esqueceu a raiz” e “Histórias da Portela – 100 anos de Glória”.

Para dar conta de uma história centenária, o projeto selecionou cinco desfiles marcantes da história da agremiação e cinco baluartes que ajudam a sintetizar a trajetória da azul e branco. Os desfiles atravessam períodos diferentes, servindo para falar das inovações e marcos históricos, além das contribuições da Portela para o carnaval como um todo. Todo o time que escreveu sobre os cortejos é formado por portelenses, torcedores da agremiação.

O desfile de 1939 (Teste ao samba) ficou para o editor e curador do projeto, o pesquisador Leonardo Antan. Ex-presidente da agremiação, Luiz Carlos Magalhães é o autor do texto sobre o histórico cortejo de 1970 (Lendas e Mistérios da Amazônia). Autor de diversos livros sobre a folia, Leonardo Bruno destrinchou o desfile campeão da inauguração do sambódromo, de 1984 (Contos de Areia). O jornalista Lucas Prata Fortes escreveu os bastidores de 1995 (Gosto que me enrosco), enquanto o atual diretor cultural da azul e branco, Rogério Rodrigues, fecha o time ao escrever sobre 2017, título mais recente da agremiação.

Além desses desfiles memoráveis, o livro, de 304 páginas, ainda conta com ensaios biográficos de cinco baluartes que fizeram história, são eles: Paulo da Portela, Tia Dodô, Vilma Nascimento, Natal da Portela e Monarco, que ficaram a cargo dos pesquisadores Angélica Ferrarez, Beatriz Freire, João Vitor Silveira, Karen Garcia Pêgas e Thomas Reis. Há ainda o ensaio de abertura de Luise Campos, que aborda a presença feminina na fundação do grupo carnavalesco em 1923, também explicando por que a data de fundação da escola tem esse marco, quase dez anos antes do primeiro concurso oficial das escolas de samba. Foram produzidos também um material visual de ilustrações inéditas pelo carnavalesco atual da Portela, o artista Antônio Gonzaga, além de Theo Neves, Osmar Filho e Juliana Lemos.

Podcast:

O podcast “Histórias da Portela” contará com entrevistas inéditas e será postado semanalmente entre novembro e dezembro, totalizando cinco episódios.

Sobre as mesas:

O curso livre “Histórias da Portela” tem como objetivo discutir a história da Portela, através dos personagens e desfiles apresentados pelo projeto. Serão realizadas duas aulas temáticas pelos autores do livro de mesmo título, discutindo assim elementos chaves para o entendimento do surgimento da agremiação e sua consolidação com uma das principais escolas de samba do Rio de Janeiro. O curso segue essa programação:

(11h-13h) Os gloriosos desfiles

– Leonardo Antan, Leonardo Bruno, Luis Carlos Magalhães, Lucas Prata Frote e Rogério Rodrigues

A primeira mesa falará dos desfiles de 1939, 1970, 1984, 1995 e 2017.

Autores Leonardo Antan, Rogério Rodrigues, Luis Carlos Magalhães, Leonardo Bruno e Lucas Prata Frole, durante a mesa de conversa no lançamento do livro em 16/12/2023 no Centro de Artes Calouste Gulbenkian – Foto de Jacqueline Melo

(14h-17h) Os personagens que estruturaram a trajetória

– Beatriz Freire, Luise Campos, Karen Garcia Pêgas e Thomas Reis

Já a segunda mesa abordará os personagens Paulo da Portela, Dona Dodô, Vilma Nascimento, Natal e Monarco.

 

Autores Thomas Reis, Beatriz Freire, Karen Garcia Pêgas e Luise Campos, durante a mesa de conversa no lançamento do livro em 16/12/2023 no Centro de Artes Calouste Gulbenkian – Foto de Jacqueline Melo

“A Portela é uma das maiores instituições culturais do mundo, refletir sobre seu centenário é pensar a produção artística negra e suburbana que deu a identidade cultural do Rio de Janeiro. Dentro dos projetos que o Carnavalize vem realizando, esse é especial por celebrar essa agremiação tão tradicional e importante. No nosso projeto, vamos propor novos olhares para a história da azul e branco e reafirmar sua importância como uma instituição que tá sempre flertando entre o tradicional e o moderno, por isso sua longevidade”, afirma Leonardo Antan.

Texto de contracapa

Em 1923, um grupo de negros e marginalizados do subúrbio carioca se une para pensar outras formas de existir numa sociedade excludente, nasce assim o Conjunto Oswaldo Cruz. Era, de algum modo, um tipo de modernismo carioca e suburbano, preocupado com um novo projeto de país. Essa semente plantada por Paulo, Caetano e Rufino se tornou uma das instituições culturais mais importantes do nosso país e do mundo: a Portela.

Desde a década de 1930, a azul e branco é responsável por definir os rumos da folia e do que constitui uma “tradicional” escola de samba. Nas tantas páginas belas deste livro, escolhemos cinco desfiles e personalidades que constituíram as características daquilo que forma o “ser Portela”. Todos eles incorporam a máxima “pés e pescoços ocupados”, que define a elegância e pompa daquela que é intitulada a “Majestade do Samba”.

Na canção “Passado de Glória”, o compositor Monarco descreveu que “no livro da nossa história tem conquistas a valer”. Este volume é uma tentativa de fazer jus a essa trajetória centenária e, também, à paixão e dedicação dos tantos corações que se deixaram levar por esse rio, que ano a ano deságua na Avenida para se tornar mais forte, mais belo e mais majestoso.

G.R.E.S. Portela durante o desfile de 1995