POLÍTICA

 

No último domingo (19 de novembro de 2023), o candidato de direita Javier Milei, de 53 anos, da coalizão La Libertad Avanza, conquistou a vitória no 2º turno das eleições presidenciais da Argentina. O libertário derrotou o representante peronista Sergio Massa (Unión por la Patria), marcando uma mudança significativa na paisagem política do país. Após todas as urnas apuradas, Milei alcançou 55,69% dos votos válidos, superando os 44,30% do atual ministro da economia argentino. A posse do novo presidente está marcada para o próximo dia 10 de dezembro, sucedendo Alberto Fernández.

A vitória de Milei, que há apenas dois anos não era uma figura política proeminente na Argentina, representa uma virada surpreendente. Nascido em Buenos Aires em 22 de outubro de 1970, Milei é um economista formado pela Universidade de Belgrano e, anteriormente, atuou como professor em instituições de ensino superior. O presidente eleito se autodenomina discípulo da Escola Austríaca, uma corrente do liberalismo econômico que ganhou destaque no século 19. Com o título de autor de oito livros, entre eles “Desvendando a mentira keynesiana: Keynes, Friedman e o triunfo da Escola Austríaca”, Milei tem suas ideias fundamentadas nas premissas dessa escola de pensamento.

Entretanto, a trajetória de Milei não está isenta de controvérsias. O argentino foi acusado de plágio em alguns de seus livros, incluindo “Pandenomics” e “El camino del libertario”. Tais acusações, apesar de mancharem sua reputação, não impediram que ele ganhasse destaque na cena política em 2021, quando sua coalizão, La Libertad Avanza, conquistou cinco cadeiras na Câmara nas eleições legislativas.

As posições políticas de Javier Milei são tão marcantes quanto suas vitórias eleitorais. Ele se posiciona contra o aborto, mesmo em casos de estupro, rejeita a inclusão de educação sexual nas escolas, manifesta ceticismo em relação às vacinas contra a COVID-19, apoia a venda e distribuição de armas de fogo para a população civil, favorece a legalização do comércio de órgãos e promove teorias da conspiração comuns à extrema-direita, como a ideia de “marxismo cultural”, além de negar o aquecimento global. Essas posturas, somadas a suas políticas econômicas e sociais conservadoras radicais, levaram à sua caracterização como um populista de direita.

Após a derrota nas eleições, Sergio Massa, o candidato peronista, reconheceu a vitória de Milei e parabenizou-o pela conquista. Agora, resta aguardar e observar como a presidência de Javier Milei moldará o futuro político e social da Argentina, enquanto o país se prepara para uma nova era sob a liderança deste controverso e inesperado vencedor.