MÚSICA

Por Renan Simões

 

One way (1973) é talvez o disco de baladas mais perfeito que existe. A banda que o realizou é a brasileira Light Reflections, na tendência da época de lançar artistas nacionais travestidos de estrangeiros. Os músicos também assinam com nomes em inglês: B. Anderson, Billy Rogers, Marc Mane e Ricky Taylor. A direção artística é de Paul Rocco, e os arranjos, da própria banda; B. Anderson assina a maior parte das composições. Em meio a canções divinas, há apenas um óbvio ponto fraco, e este, diga-se de passagem, é um dos piores feitos artísticos da humanidade.

Mine only mine (de Anderson) e My great love (parceria de Rogers e Anderson) são grandes surpresas; somos tocados no fundo de nossas almas e, se não há ninguém por perto, nos envolvemos em uma dança solitária, mas nem por isso menos romântica. Lucky e Understand (ambas de Anderson) apresentam outro lado da banda, em felizes realizações roqueiras. A esfumaçada Anna Lee – termo este utilizado por um amigo –, composição de Marc Mane, é uma das declarações de amor mais letárgicas de que temos notícia.

Ao encantador refrão de Goodbye mother (Taylor) seguem outras duas grandiosas criações de Anderson: a nostalgia viajante de Without your eyes I feel alone, de clima igualmente sóbrio e etéreo, e o rock simples e despretensioso de Give you love anyhow. Agora, se é pra chorar de se derreter, a trilha sonora perfeita é She said bye (Rogers) e o mega sucesso Tell me once again (Anderson), o mais próximo dos anjos que uma balada humana já chegou. A carga emocional desses dois feitos com certeza não é deste mundo. A este ponto do disco, estamos totalmente envolvidos pelo universo da banda, que nos brinda com a despedida espacial e quase gospel de A life with him.

Light Reflections, One Way, a legítima música dos apaixonados! Ouça, desfrute, reflita, repasse: