Estudantes colombianos vivem momento chave no debate sobre como deve ser a educação, tanto em sua forma, como em seu conteúdo

Em outras palavras, o neoliberalismo rompeu com o modelo educacional, enfraquecendo sua funcionalidade social e transformando a comunidade educativa em um corpo amorfo de indivíduos, onde a individualidade é imposta sobre a visão coletiva dos processos educativos.

Nos últimos 20 anos, as leis educacionais em vários países latino-americanos e caribenhos foram ajustadas ou reformuladas para seguir o discurso de arrocho orçamentário, culminando na venda dos direitos educacionais e na mercantilização da educação.

Essas novas leis nacionais ajustaram a escola ao modelo capitalista globalizado. Elas se apoiaram em exigências de mercado e na internacionalização, violando a autodeterminação dos povos.

Há um terceiro pacote que corresponde às formas de medição em termos de qualidade, eficiência e eficácia de acordo com a racionalidade neoliberal da produção. Todas essas reformas foram patrocinadas e promovidas pelo Banco Mundial.

Diante desse cenário, devemos ter uma atenção especial. Assim como o Banco Mundial, existem outras organizações que elaboram uma agenda internacional em torno da educação. É o caso do relatório McKinsey, que desde 2007, traça diretrizes de eficiência e eficácia para sistemas educacionais, passando pela padronização das práticas educativas para garantir melhores índices de desempenho na formação de professores.

No entanto, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em resposta à crise educacional, questiona as práticas do modelo neoliberal e incentiva os governos a investirem mais no modelo educativo, que possa garantir acesso a “melhores” empregos e a uma “vida melhor”, ideias entendidas como a capacidade de consumo dentro do mercado.

Em geral, os conteúdos intervencionistas que têm norteado as agendas nacionais encontram-se principalmente nos documentos da Agenda 2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Plano Decenal de Educação Nacional (2016-2026) da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), entre alguns outros, como o Fórum de Davos.

Pensamento próprio
Ou seja, o paradigma da autodeterminação dos nossos povos e de nossa América tem sido violado e cada vez mais afastado da necessária autodeterminação educacional, sendo esta a única possibilidade real de uma educação que responda às necessidades de nossos países.

Levando em consideração o tratado neste breve esboço sobre o ensino médio e seus problemas, vemos que o maior deles é a capacidade de interferência de múltiplos organismos multilaterais e supranacionais na determinação de exigências sobre nossos processos educativos.

Dessa forma, não devemos hesitar em afirmar a impossibilidade de educar cidadãos para a sociedade, quando todo o espírito educacional é o mercado. Daí a necessidade urgente de uma resposta crítica e coesa do movimento estudantil a quem ou o que ousar tirar nossos sonhos e barrar nossa construção em direção a uma América Latina possível.

Juan Diego Ballén Mesa é integrante da Associação Nacional de Estudantes Secundários (ANDES COLÔMBIA).
Oclae – Organização Continental Latino-Americana e Caribenha de Estudantes

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