MÚSICA

Por Renan Simões

 

A faixa-título deste álbum, uma composição de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, é um dos sucessos mais incomuns de toda a música brasileira, por conta de seus elementos musicais. Curioso notar que, embora muito do que Guedes faça seja excêntrico, isto não o impediu de gozar de ampla popularidade e de um público cativo. Como muitos dos registros do Clube da Esquina, Amor de índio, o segundo álbum do artista, tem a participação de grandes figuras, como Wagner Tiso, Robertinho Silva, Tavinho Moura, Flávio Venturini, Luis Alves, Milton Nascimento e Toninho Horta.

Após a brilhante faixa-título, Novena (Milton Nascimento e Márcio Borges) se apresenta como um lamento muito bem sucedido, executado de forma notável pelo grupo. Estas, somadas à claudicante Só primavera (Guedes e Márcio Borges), formam uma heroica abertura para o registro. Findo amor (Tavinho Moura e Murilo Antunes) consegue ser bastante intensa, mas é quebrada pela mediana Gabriel.

A voz sempre vacilante de Guedes casa perfeitamente com a pérola pop Feira moderna (Guedes, Lô Borges e Fernando Brant) e com a singular Luz e mistério (Guedes e Caetano Veloso). O medo de amar é o medo de ser livre (Guedes e Brant) é uma fantástica reflexão íntima, com extraordinária trilha musical. Ao final, a devaneadora Era menino contrasta com o apêndice prescindível de Cantar.

Beto Guedes, Amor de índio, a beleza da música pop excêntrica! Ouça, desfrute, reflita, repasse: