Conforme o professor Jailson Bittencourt, a contaminação por mercúrio é uma das grandes ameaças ao ecossistema brasileiro, que atinge o país de Norte a Sul e de Leste a Oeste. Neste sentido, a Academia Brasileira de Ciências, da qual ele é o vice-presidente define essa contaminação como um desafia nacional. No documento intitulado “Contaminação por mercúrio – Por que precisamos de um plano de ação?”, a ABC externa sua preocupação com o garimpo realizado em terras indígenas e aponta a necessidade da proibição irrestrita dessa atividade.

O referido documento explica que o mercúrio é prejudicial por causa de sua alta afinidade com compostos de enxofre, presentes em proteínas e em muitas enzimas indispensáveis ao metabolismo das células humanas. “Quando o metal se liga a enzimas e outras proteínas , elas são inativadas e forma irreversível, o que pode gerar graves complicações clínicas, como vertigens, tremores e danos aos pulmões e ao cérebro”, diz o documento.

A ABC observa que a luta contra essa contaminação deve ser encampada de modo a mobilizar os setores governamentais, as organizações sociais, o setor privado. O documento “Contaminação por mercúrio – Por que precisamos de um plano de ação?” é o resultado de um estudo que apresenta diagnóstico das emissões do metal no Brasil e também lista oito recomendações para lidar com esse problemas, entre eles um debate sobre a gestão do metal no país.

Luiz Drude, que é membro titular da ABC e integrante desse grupo de trabalho que redigiu o docuemto, afirma que “o mercúrio é um legado da irresponsabilidade no trato do meio ambiente que vai ainda assombrar a humanidade por gerações”. O grupo de trabalho ressalta que, apesar de várias localidades brasileiras serem afetadas pela contaminação, o mercúrio está altamente associado ao garimpo ilegal e ao uso do metal para extração do ouro. De acordo com a ABC, apesar da proibição constitucional, o garimpo realizado em terras indígenas acontece de maneira sistemática e causa impacto direto a essas populações, impossibilitando a continuidade de seus modos de vida, o que deve ser interrompido.

O documento aponta que a principal forma de de exposição humana ao mercúrio é o consumo de pescado. “Estudos sobre os impactos do consumo de peixes e frutos do mar na saúde pública mostram que riscos existem mesmo quando o metal está presente em baixas concentrações”, ressalta. O documento diz, ainda, que a contaminação do pescado e produtos da aquicultura é um obstáculo para atingir o potencial econômico do setor no país, além de oferecer risco à saúde pública e à segurança alimentar.

A Academia de Ciências aponta, ainda, como sugestão, a substituiçao de produtos que contêm o metal por alternativas e também o desenvolvimento e a implementação de tecnologias dirigidas à redução de emissões de fontes incidentais de mercúrio. A entidade se compromete a realizar reuniões regionais, nacionais e internacionais para identificar os percalços e propor mais soluções.

Para ter acesso ao documento, na íntegra, é só clicar aqui.