Este ensaio é apenas uma primeira parte às vésperas das eleições quase gerais que ocorrerão no Brasil no dia 02 de outubro de 2022. O ordenamento do Estado que há no país chama de primeiro turno. Nas condições atuais, para abrir e ampliar mais canais para o conhecimento e para a sobrevivência em melhor condições a vitória de Lula é mais que necessária agora. Qualquer apelo sem propaganda política, o que dizem nas leis que não é mais possível, mas com possibilidades de declaração de posição e voto, é hora sim de se declarar, pois, trata-se de um momento importante da democracia existente no país que já contou com vários momentos sem quaisquer ambientes de democracia na política. A democracia existente e possível hoje faz do voto um instrumento muito importante que não pode ser abandonado, largado ou desprezado. Falar do impulso ao conhecimento e das frestas para acumular a superação da ignorância é uma reflexão que desenvolves ações necessárias.

O conhecimento produz um espiral com o compromisso para a aproximação progressiva e constante com o verdadeiro. Ainda que o verdadeiro possa ser inatingível, é possível uma aproximação progressiva com a verdade e para isso se faz necessário o acesso ao conhecimento existente e o estudo constante em todas as áreas e dimensões. Não há dúvidas, portanto, que natureza, pessoas, humanidade, tempo e divindade se alteram com o acesso aos conhecimentos e com a relação para que os conhecimentos sejam aprofundados e não asfixiados pela mentira como predomina no sistema que toma o mundo.

Para a compreensão da ciência este movimento é inexorável para alcance com a verdade. O átomo, por exemplo, já foi tratado como última parcela do ser e com profundo estudo foi possível conhecer que esta visão, para entender o mundo, estava incompleta e equivocada, pois há uma unidade básica com uma estrutura de um núcleo com prótons, neutros e elétrons. E, neste caso, como em vários outros, não foi o átomo que mudou, o que foi modificado foi a progressividade do acesso ao verdadeiro com o conhecimento. Infelizmente, por ação do poder que predomina, tal conhecimento não foi apropriado universalmente como mais uma consequência das desigualdades existentes. Desigualdades e diferenças não são sinônimos, enquanto as diferenças são progressivas no mundo movido por seres humanos com acesso aos conhecimentos, as desigualdades se ampliam com a impossibilidade para um grande grupo de pessoas ao conhecer e para a disseminação progressiva da ignorância para a maioria das pessoas. Estas são as pessoas a quem, no capitalismo, o empobrecimento é imposto, ainda que em escalas distintas e com muita ideologia para criar as nuvens que abafam o conhecimento e motivam a ignorância.

Para tal compreensão se faz necessário ir além dos sentidos e nós sapiens sapiens temos cinco sentidos que nos movimentam. Mas só com os sentidos, com o sentimento, nos limitamos nas compreensões sofistas. E por mais lindas que possam ser desenhadas tais concepções com a utilização da criatividade artísticas que estimulam todos os sentidos e que criam os mais lindos desenhos, para superar a ignorância e movimentar o conhecimento da ciência sobre os seres vivos e as relações entre os seres se faz necessário conhecer as ciências e produzir com acesso a este conhecimento superando limites para que todos seres vivos vivam mais e melhor.

Já há conhecimento para afirmar que o ambiente inteiro é o meio ambiente com todos os seres vivos e não apenas com aquilo que está para além, principalmente dos humanos, que como sapiens sapiens são os seres vivos que pensam, desenvolvem conhecimento e produzem. O trabalho é portanto uma ação dos seres humanos e com a ajuda da ignorância imposta no capitalismo se transforma em emprego. Mas seres humanos trabalham todo o tempo no desenvolvimento dos vários conhecimentos que se articulam de forma diferente, mas não excludentes. Os conhecimentos distintos se colaboram e como o tempo medieval do teocentrismo já foi superado, sabemos que antropocentrismo não chega como exclusão da vida, da fé, dos sentimentos, mas para ampliar a importância da ciência e para que seres humanos sejam centralidade para pensar e girar o conhecimento e não para produzir, como foi apropriado e imposto pelo capitalismo, o falso antropocentrismo organizado pelo individualismo e pelo narcisismo. Individualismo e narcisismo são componentes fundamentais para ampliar a ignorância e fazer com que a vida não seja universal e o lucro seja mais importante que a saúde para viver. Neste ambiente a maioria das pessoas sobrevivem e não vivem, e a ignorância possui mais importância que o conhecimento, o que faz do conhecimento crítico, criativo e coletivo uma gira cada vez mais isolada, quando deveria ser universal. Uma cidade com conhecimento é uma cidade criativa, com diferenças e conflitos. Mas também é uma cidade sem guerra. E a dominação imposta pelos donos do poder no capitalismo massacra o amor em todas as dimensões e, portanto, conhecimento, saúde e vida são apropriadas para a ampla minoria de sapiens sapiens que são progressivamente mais desiguais e não diferentes, pois a diferença é universal com as diversas singualaridades humanas.

Há muitas colaborações para este conhecimento acumulado e existente no mundo que precisam ser conhecidos e apropriados por todas as pessoas para melhor pensar sobre as relações humanas e sobre a natureza. Inspirados em Einstein é possível compreender que o ser humano, componentes singulares, mas não individuais, da ampla e numerosa humanidade, é, ao mesmo tempo, “um ser solitário e um ser social. Como ser solitário, ele tenta proteger sua própria existência e a dos que lhe são mais próximos, satisfazer seus desejos pessoais, desenvolver suas habilidades inatas. Como ser social, busca conquistar o reconhecimento e afeição dos seus companheiros de humanidade, compartilhar de seus prazeres, confortá-los em seus sofrimentos, melhorar suas condições de vida. Somente a existência dessas diferentes aspirações, muitas vezes conflitantes, já responde pelo caráter especial de uma pessoa, e sua combinação específica determina a medida em que o indivíduo consegue, por um lado, alcançar um equilíbrio interior e, por outro lado, consegue contribuir para o bem-estar da sociedade”. Esta passagem na contribuição publicada com o título “Por Que Socialismo?”, escrito originalmente para a revista Montly Review em 1949 possui algumas pistas para pensar o nosso tempo. Pode-se assim começar entender o que afirmava o artista Belchior em sua canção que “Ano passado eu morri Mas esse ano eu não morro”. Talvez a mesma inspiração que incentivou Pedrosa na criação do conceito de solidão revolucionária. Afinal o ser humano é ao mesmo tempo singular, social e universal, em processos de inteligências coletivas que muitas vezes surpreende e muitas vezes também não alcança.

Ver as pessoas é sempre mais do que os olhos podem enxergar, mesmo porque não é uma questão de sentido e sim de compreensão histórica, portanto profundamente científica em busca do verdadeiro como fonte e como elemento organizador da teórica da compreensão. Aquilo que surge como empírico na frente dos corpos é sempre mais complexo e profundo do que se pode constatar, sentir, tocar. Os sentidos não são suficiente para conhecer, entender, construir, transformar e superar. Obra do trabalho, que mesmo motivado no singular, possui sua essência e potência no social.

Portanto, neste momento é importante dizer, que na eleição de amanhã qualquer ação que contribua para o conhecimento precisa gritar alto para que a candidatura que pode abrir frestas para o conhecimento e para a sobrevivência com impulsos de dignidade é fundamental para acumular rumo ao amor e não reforçar o poder destrutivo e desigual que predomina no mundo e no Brasil. Como Belchior já ensinou podemos aprender e ir além dos lindos versos “Ano passado eu morri, mas este ano eu não morro” e viver o tempo todo acumulando para superar toda a necropolítica que organiza o ambiente nacional brasileiro. No país que há um predomínio desigual do poder gritar pela ação do voto, motivar a grande maoria das pessoas que precisam vender a força de trabalho para sobreviver com mais escolas, mais acesso ao conhecimento, mais alimentos, mais saúde, mais água, mais saúde, é fundamental gritar no voto que pode colaborar para isso. Amanhã, rumo ao tempo com menos ignorância, com mais conhecimento, com sobrevivência embalada pelos raios da democracia e da dignidade, vamos todasas pessoas votar. E votar o mais certo para isso, votar em Lula que é quem pode colaborar para motivar este embalo nacional.