MÚSICA

Por Renan Simões

Quanto mais Roberto Carlos dava vazão a seu lado romântico e maduro, com arranjos de cordas e tristes melodias, mais nos legava presentes inesquecíveis em forma de canção. Suas fórmulas em breve se desgastariam para sustentar um álbum completo, mas temos que admitir que as qualidades desse artista, o mais bem sucedido da música popular brasileira, sempre sobreviveram, mesmo nos piores momentos – que são muitos, por sinal.

Em seu álbum de 1969, o artista é acompanhado de membros das bandas RC7 e Renato e Seus Blue Caps, e conta também com a presença de Lafayette aos teclados. A parceria com Erasmo Carlos rende momentos sublimes, como a desoladora abertura de As flores do jardim de nossa casa e a mágica instrumental O diamante cor-de-rosa, além das bem conhecidas As curvas da estrada de Santos e Sua estupidez; houve ainda espaço para a dupla criar a bufona Oh! Meu imenso amor.

Após Aceito seu coração, de Puruca, que nos leva ao céu, retornamos a algo mais humano com Nada vai me convencer, de Paulo César Barros, e Do outro lado da cidade, de Helena dos Santos. A dor de cotovelo ataca novamente em Quero ter você perto de mim, de Nenéo, mas é substituída, duas faixas depois, pela raivosa Não vou ficar, de Tim Maia, com interpretação incendiária de Roberto. O registro é finalizado, de forma muito agradável, com Não adianta, de Edson Ribeiro, e Nada tenho a perder, de Getúlio Côrtes.

Roberto Carlos, Roberto Carlos (1969), o processo de construção de um compositor romântico! Ouça, desfrute, reflita, repasse: