Um estereótipo é uma imagem, ideia ou descrição inalterável que um grupo social tem sobre outro. Eles são usados para simplificar a vida que já é complexa. São generalizações reducionistas que destacam alguns aspectos e omitem outros. Independentemente de os estereótipos terem uma conotação positiva ou negativa, eles roubam a dignidade das pessoas; eles as despojam de sua identidade e singularidade. Ou seja, elas deixam de ser indivíduos para serem vistas como uma massa uniforme.

O abuso de estereótipos não é por acaso. Eles exacerbam posições antagônicas que reforçam sentimentos de supremacia de uns sobre outros, em busca de estabelecer ou consolidar posições de poder. É comum ler ou ouvir frases como: “os migrantes são criminosos”, “as mulheres são mais fracas que os homens” ou “os constituintes convencionais desperdiçaram a oportunidade de unir o país”.

Quão diferente seria se conhecêssemos o impacto positivo da migração, a força das mulheres para enfrentar a discriminação pelo simples fato de ser mulher, ou a vida dos constituintes convencionais e suas comunidades de origem que foram abusadas por grupos privilegiados (aquelas e aqueles que foram eleitas/eleitos para construir uma nova Constituição no Chile).

Os estereótipos são categorizações simplistas que prejudicam a convivência. Dão  conta de uma única história e, por isso, é importante que as pessoas tenham acesso a mais de um olhar e que possam perceber e valorizar as diferenças. Uma sociedade que vive apenas de estereótipos está fadada à autodestruição.

Infelizmente, as redes sociais não contribuem para a diversidade, pois seus algoritmos nos expõem a conteúdos que reafirmam nossos preconceitos, que são a base do processo de estereotipagem.

Os estereótipos também são um perigo quando as pessoas abandonam sua identidade para se tornar um personagem. Perdem a riqueza de sua individualidade e sua capacidade de autocrítica. Por exemplo, desde muito cedo, os comportamentos violentos nos contextos escolares e na sociedade em geral, são maioritariamente associados aos homens; não é que a natureza dos homens seja mais violenta que a das mulheres, mas sim que os primeiros vivem de acordo com o estereótipo do “macho alfa” que resolve seus conflitos pela força.

Exemplos não faltam. Mulheres que sofrem para responder ao estereótipo de beleza que a publicidade nos oferece; traficantes de drogas que lutam para se destacar na violência e na riqueza; ou meninas, meninos e jovens que procuram imitar os “descolados” de sua turma.

A sanção da diferença reforça os estereótipos e modela o comportamento de forma sutil, mas persistente. Revelar-se diante de um estereótipo exige muita convicção e coragem, por isso é tão importante que, no ambiente escolar, os profissionais da educação e, em geral, o mundo adulto se conscientizem e desenvolvam a capacidade e o conhecimento para que nenhum aluno fique para trás, rotulado em um estereótipo que afeta seu desenvolvimento e bem-estar.

Cada um de nós tem uma responsabilidade porque, nas palavras da renomada romancista nigeriana Chimamanda Achie, os estereótipos “roubam a dignidade das pessoas”.