Por Astor Almeida Filho*

Devido aos efeitos catastróficos, o aquecimento global se tornou um dos maiores problemas da atualidade, pois influencia direta e indiretamente na vida de todos os seres vivos. Dentre as consequências, podemos citar o degelo, o aumento dos níveis dos oceanos, a desertificação, a redução da biodiversidade, as alterações do regime das chuvas, as inundações. Essas últimas vêm castigando o Brasil desde o final do ano passado, com o que ocorreu no Sul da Bahia, e agora mais recentemente, com a situação em Petrópolis-RJ.

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), “uma onda de calor ocorre quando em um intervalo de pelo menos seis dias consecutivos a temperatura máxima diária é superior em 5ºC ao valor médio diário no período de referência”. Isso causa grande impacto sobre a vida humana, provocando alterações no estado fisiológico, deixando as pessoas vulneráveis, com maior propensão a contrair patologias, principalmente os grupos de população idosa, crianças e indivíduos com doenças cardíaca e respiratórias.

Impactos devastadores

É possível perceber a existência de impactos significativos em todo mundo. E em nosso país não é diferente. Verificamos diversas regiões afetadas e o avanço a cada dia. As últimas chuvas ocorridas no mês julho do ano passado em algumas cidades da Europa Ocidental e Central (Alemanha, Bélgica, Luxemburgo, Holanda e outras) deixaram um rastro de destruição, como vimos e acompanhamos pela TV e outras mídias.

Cidades e vilarejos inteiros debaixo d’água, carros presos entre prédios desabados e casas enterradas, escombros, milhares de famílias desabrigadas e mais de 170 pessoas mortas.  Vale salientar que naquela parte do mundo não há histórico de enchentes, deixando explícito que esta situação é consequência das más ações humanas; e que a Natureza está tentando restabelecer o equilíbrio para seguir o seu curso normal.

No Brasil, somos impactados há bastante tempo por fenômenos desta natureza. E já podemos perceber o aumento do nível do mar em diversas regiões litorâneas, onde o avanço das águas está engolindo grande parte do litoral e de construções, obrigando as populações procurarem outros locais  para viver, configurando, também, como um grande prejuízo econômico.

Recentemente presenciamos frequentes chuvas intensas causando enchentes que culminaram com um rastro de destruição em diversas cidades brasileiras de várias regiões. Vimos  isso acontecer nos estados da Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Comunidades que moram em áreas mais vulneráveis onde os impactos são mais devastadores estão sob decretos de situação de emergência.

Verificamos que esses eventos estão se tornando cada vez mais comuns; e com um grau de severidade maior. Isso demonstra a velocidade do crescimento das referidas mudanças climáticas. Sendo assim, percebemos a necessidade de nos alertarmos para o quão gravíssimo são esses impactos do aquecimento global e, principalmente, compreendermos o quanto é imprescindível a aceleração dos esforços de toda a humanidade com o objetivo de reduzir esse aquecimento.

Capitalismo selvagem

Entendemos que o desenvolvimento é muito importante para a manutenção da qualidade de vida, entretanto, verificamos que a Revolução Industrial, os avanços tecnológicos, alinhados às atividades humanas vêm contribuindo de forma significativa para o aumento deste fenômeno do aquecimento global.

Aliado a isso, as publicidades na TV e outras mídias têm contribuído para o aumento exponencial do consumo, já que estes veículos vêm sendo mais utilizados devido a sua alta capacidade de difundir em larga escala, e também pela grande influência na formação cognitiva e social das pessoas.

Desta forma, impulsionada por um capitalismo selvagem, as mídias têm persuadido uma quantidade considerável de pessoas que, por impulso, efetuam compras de maneira inconsciente, sem avaliar suas reais necessidade, bem como os impactos socioambientais desse comportamento impulsivo.

Dentro dessa perspectiva de consumo, um dos grandes problemas diz respeito ao lixo eletrônico. Devido às tecnologias cada vez modernas, e novas tendências de aparelhos eletrônicos sendo lançadas rapidamente no mercado, o público consumidor vem substituindo aparelhos eletrônicos, sem necessidade.

E em consequência desta atitude, o volume de lixo é crescente, configurando-se em um grave problema para o mundo contemporâneo, pois nesses equipamentos existem diversos componentes tóxicos que, quando descartados inadequadamente, contaminam o solo, os lençóis freáticos e os organismos da fauna  e da flora,  com reverberação na saúde de todos os seres vivos.

Sendo assim, é de grande relevância refletir sobre os nossos hábitos de consumo, primar por uma sociedade mais sustentável e estar atentos às nossas reais necessidades, a fim de evitarmos as consequências que o consumo desnecessário pode causar.

Outro aspecto associado a essa temática refere-se aos países mais ricos, que, além de serem os principais responsáveis pela emissão da maioria dos gases poluentes causadores das mudanças climáticas, buscam os países mais pobres (pelo fato das leis serem flexíveis) para instalar suas empresas causadoras da poluição.

As grandes indústrias despejam toneladas de resíduos tóxicos em rios, contaminando o ecossistema, trazendo como consequências o desequilíbrio ambiental e sérios danos à saúde da comunidades que vivem nestas proximidades. Além disso,também usam esses mesmos países para descartar seu lixo tóxico.

Além disso, a devastação das florestas de forma ilegal incentivada pelo agronegócio para produção de carne bovina, soja, óleo, entre outros produtos, é outra forma da aceleração do processo do aquecimento global. O Brasil é um grande exemplo neste sentido. Inclusive, no atual governo, o processo tem se intensificado a cada dia.

Todas essas situações têm contribuído muito com a desigualdade entre as nações mais pobres, pois os reflexos negativos reduzem o crescimento econômico das referidas nações, uma vez que os países pobres são os que têm menores responsabilidades pelas emissões de poluentes, e, paradoxalmente, são os que mais sofrem devido à falta de recursos financeiros para implementar estratégias de infraestrutura com intuito de adaptação a essa nova realidade. Em contrapartida, o aumento da prosperidade de alguns dos países ricos é cada vez mais evidente.

Sabemos que muitos dos impactos serão inevitáveis, entretanto, precisamos nos conscientizar e compreender que a nossa existência depende da preservação da Natureza. Ainda é possível fazermos bastante para minimizar tais impactos. Para isso, se faz necessário que medidas drásticas e urgentes sejam adotadas neste sentido.

A redução do desmatamento ilegal, a utilização de energias renováveis, o descarte correto do lixo, a conscientização de um consumo racional, a redução dos de gases poluentes são medidas que devem ser adotadas de imediato para redução dos impactos decorrentes do aquecimento global. Somente assim sobreviveremos.


*Astor Almeida Filho é graduado em Administração de Empresas.