TEATRO

 

 

Por Marrom Glacê

 

 

Cia. Artera de Teatro discute os preconceitos enfrentados por um professor gay em sua tentativa de adotar uma criança, lançando luz sobre a homofobia profundamente arraigada dentro de nossa sociedade.

 

 

Com transmissões digitais gratuitas via Sympla Streaming (www.sympla.com.br/teatrosergiocardosoaté o dia 11 de Julho às 21h o espetáculo Monstro, da Cia. Artera de Teatro, realiza curta-temporada no Teatro Sérgio Cardoso Digital, equipamento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerido pela Amigos da Arte. Dirigido por Davi Reis e interpretado por Ricardo Corrêa, que também assina a dramaturgia, o projeto conta com o apoio do Proac Editais e Lei Aldir Blanc e com apoio institucional do Museu da Diversidade Sexual.

A peça conta a história de Léo, professor de natação de uma escola infantil que decide se candidatar a adotar uma criança. Tudo vai bem até acontecer uma situação na qual um de seus alunos de sete anos o chama de gay. Este professor, então, resolve falar abertamente sobre o que é ser gay, encorajando uma cultura de aceitação e inclusão entre os seus alunos.

O olhar social transforma este homem em um ser monstruoso, não recomendado à sociedade. A partir do desejo de adoção, a peça faz um retrato sobre um homem que vai perdendo seus poucos direitos. Poderia ser a história de um homem que teve uma lâmpada estourada em seu rosto na Avenida Paulista, a de uma travesti que teve o seu coração arrancado ou a de um jovem morto e queimado por sua própria mãe. Mas é, sobretudo, a história de Léo.

“E se perdêssemos nossos direitos? O que seria família no contexto contemporâneo? O que define as funções sociais de pai e mãe nos múltiplos arranjos familiares da atualidade? Vivemos uma reconstrução de paradigmas, a fim de incluir socialmente a família homoafetiva. E estas novas famílias plurais vêm cada vez mais buscando a legitimação dos seus direitos. Porém, devido à forte implicação política e religiosa envolvida na atualidade, esta comunidade é marcada e perseguida por uma onda conservadora de violência e discriminações, afinal estamos em um país que mais mata LGBTQIA+ no mundo”, diz o diretor Davi Reis.

Monstro vem sendo gestado desde 2018, criado por uma forte sensação de medo ao final da eleição presidencial. Entendemos que vivemos em uma época de monstros sociais e, juntos, decidimos explorar neste projeto a monstruosidade na condição de discurso estético e político na identidade queer. Assim, aquilo que chamamos de monstro é uma espécie de caso limítrofe, uma forma marginalizada, um caso de abjeção. A figura do monstro é rechaçada através de diversas práticas, como transfobia, homofobia, sexismo e misoginia”, reforça o dramaturgo Ricardo Corrêa.

O artista prossegue afirmando sobre o quão é desolador o terreno da discussão sobre sexualidade. “Temos uma sociedade violenta: jovens entram em escolas armados, professores são perseguidos e impedidos de promover o pensamento. Ao colocarmos em cena um professor que sofre todo tipo de violência homofóbica por expor sua sexualidade, estamos problematizando as estruturas sociais e as educacionais também. Ainda há pessoas que definem gênero por azul e rosa. Essas discussões são difíceis, mas são necessárias. Percebemos que esse é um assunto sobre o qual não se fala, há um silêncio na comunidade LGBTQIA+ e por isso decidimos incluí-lo neste projeto artístico, pelos diferenciais que ele carrega em si e por sua tamanha complexidade. Falar de adoção em sistemas sociais em crise, revela a fragilidade dos direitos conquistados frente a uma onda de intolerância”, conclui.

 

SINOPSE

A peça conta a história de um professor de natação de uma escola infantil que se candidata, com o seu marido, a adotar uma criança. Tudo vai bem até acontecer uma situação na qual um dos alunos de sete anos o chama de gay. Este professor então resolve falar abertamente sobre o que é ser gay, encorajando uma cultura de aceitação e inclusão entre os seus alunos. A partir deste incidente, uma série de ataques começam a acontecer.

SOBRE A COMPANHIA ARTERA DE TEATRO

Com intuito de abarcar diversas dimensões da cena contemporânea, tem por meta a encenação de textos com dramaturgias inéditas, direcionando a pesquisa para temas relacionados a questões LGBTQIA+, permitindo-se o intercâmbio com outras artes, manifestações e tecnologias. Indicada a uma das mais significativas do ano de 2017 pela academia de críticos Bravo.

SERVIÇO:

MONSTRO

Temporada: 24 de junho a 11 de julho – 5ª a domingo

Horário: 21h

Link para retirada de ingressos: www.sympla.com.br/teatrosergiocardoso

Duração: 65 minutos

Classificação Indicativa: 16 anos

Gênero: Drama

GRÁTIS

FICHA TÉCNICA:

Dramaturgia e interpretação: Ricardo Corrêa

Direção: Davi Reis

Participação: Rafael Salmona e Davi Reis

Fotos: Alice Jardim

Figurino: Maitê Chasseraux

Iluminação: Fran Barros

Cenário: Cia Artera e Cesar Resende de Santana

Edição: Ricardo Corrêa

Assistente de edição: Zeca Rodrigues

Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Assessoria – Gisele Machado & Bruno Morais

Produção e Realização: Cia. Artera de Teatro

Instagram: @ciaarteradeteatro