MÚSICA

Por Renan Simões

 

Ignorem o pastiche de charlestone americano da abertura de Seu Lobo: Miragem, lançado em 1971 é muito bem acabado e criativo, desde sua capa emblemática às tocantes canções. Neste registro, Os Lobos são Cristina Tucunduva e Antônio Quintella nos vocais, Cássio Tucunduva na guitarra e vocais, Fred Vasconcelos nos teclados, Roberto [?] no baixo e vocais e Luiz [?] na bateria.

Outro Luiz, o Luiz Carlos Sá, assina duas grandes composições: a nostalgia psicodélica de Santa Teresa – uma grande favorita minha – e a esquisitice exagerada, mas necessária, de Homem de Neanderthal, cujo refrão parece fazer par com o de Meu amor por Cristina, de João Luiz Negri e Tomaz Lima. A encantadora Avenida Central, de Paulinho Machado, contrasta com os ares psicodélicos mais tradicionais da faixa-título, composta por Antônio Cláudio, Cássio e Fred.

Ainda que com material bem próximo ao que foi utilizado em Seu Lobo e You (ambas ruins para o meu gosto), a banda consegue alcançar resultados satisfatórios com Carro branco, de Paulinho Machado, e Pasta dental sabor chicletes, de Dalto e Cláudio,. Como centro espiritual do álbum, Dorotéia, de Paulinho Machado e João Luiz Negri, encanta através de uma viagem sideral e bizarra, que sintetiza todos os campos musicais pelos quais o grupo passeia. Sim, se trata de uma transcendental canção de amor para um robô.

Os Lobos, Miragem: uma feliz amálgama dos anos 60 no alvorecer dos anos 70! Ouça, desfrute, reflita, repasse:

Observações: as quatro últimas faixas são bônus, não constam no álbum original; a qualidade do som não é boa, mesmo nessa versão digital oficial, provavelmente devido ao processo de digitalização.