OLHARES

 

 

Por Clementino Jr. 

 

 

“Não se corrige aquele que se enforca, corrigem-se outros através dele”.
(Michel de Montaigne)

 

Nas últimas horas, na internet, ouvi duas frases que não me saem da cabeça. Um jovem ativista paulista chamado Paulo Galo, do grupo Entregadores Ant_fac_stas, em debate numa live, comenta com o seu anfitrião sobre uma frase de um amigo dele: “Quem não tem valor, tem preço”. No dia seguinte, acontece mais uma troca de m_n_stros em um pa_s da Amér_ca Lat_na que vive um reg_me de exceção. O novo m_n_stro diz: “fui convocado pelo pres_dente para dar continuidade a esse trabalho”.

Vamos colocar os pingos nos is? Ainda não.

O valor baixo de uma gente e outra gente que se vende barato para dar continuidade ao que está ruim é o que chama atenção quando penso nestas duas frases.

Seguindo com a “brincadeira da forca”, onde precisamos chutar as letras para preencher e completar uma palavra antes que o bonequinho desenhado seja enforcado pela pessoa que inventou a palavra incógnita, pense: quantas vezes você escreveu nas redes sociais o nome do Lord Voldemort desse pa_s lat_no amer_cano? E quantas vezes surgiram notícias sobre o mesmo ser em postagens de contatos de quem raras vezes você visualiza os conteúdos ou, ainda, promoções de empresas vinculadas a rede genoc_da que o acompanha?

Falando em genoc_d_o, esta palavra, em sua origem, significa a morte (ou o que manda matar) do tronco ou da fam_l_a. A palavra fam_l_a, que simboliza, no sentido atual da palavra, um grande grupo social ou vários, para ser mais exato, foi inúmeras vezes representada do lado de quem chora as mortes advindas do genoc_da em si que, por vezes, propõe o genoc_d_o alimentado por seus fam_l_ares. O personagem Lord Voldemort matou os pais do protagonista de sua história e é o personagem que, segundo o livro popular de magos, não deve ter o seu nome mencionado. Caso contrário, seus segu_dores do mal persegu_r_ão quem o mencionou. Interessante como a fábula pode m_t_f_car ou ser reproduzida em personagem do “mundo real”.

Enfim, colocando o pingo nos “is”, espero…

A brincadeira de forca é um passatempo antigo, onde raras vezes quem tenta adivinhar a letra que falta erra. Lógico que o jogo exige que se saiba ler, tenha um vocabulário e saque a malandragem de quem joga o número de letras que compõe a palavra secreta. Passa o tempo e as mortes antes e durante a pandemia não são esclarecidas. Existe uma culpa, mas os m_n_stros lat_no-amer_canos caem para cima, enquanto a população contabiliza os corpos sufocados na história por quem corta o tronco e interrompe a árvore genealóg_ca de muitas fam_l_as.

As ordens no tal pa_s partem da mesma pessoa que não tem valor, mas sempre teve preço e agora tem poder. Não tem moral, mas tem poder. O nome dele tem o mesmo número de letras do nome do Lord Voldemort que, apesar do copyright, menciono o tempo todo aqui. Mas como o nome dele não tem i, só o t_tulo de genoc_da que o incomoda.

Deixemos, então, chutarem as letras erradas.

Quem sabe o bonequinho enforcado não ganha uma máscara nos olhos?