Na segunda-feira, a juiza Baraitser se recusou a extraditar Assange para as autoridades dos EUA devido à sua saúde mental e às condições esperadas da prisão nos EUA. Hoje (06/01) ela se manifestou contra a sua libertação, devido ao risco de fuga e ressaltou que ele está sendo bem tratado na penitenciária de segurança maxima de Belmarsh, também conhecida como a Guantânamo britânica.

A nota da defesa de que Assange agora teria fortes conexões familiares no Reino Unido, uma vez que sua parceira e seus dois filhos pequenos vivem em Londres, não conseguiu mudar a decisão judicial.

Ainda que reconhecido pela juiza Baraitser o estado de saúde degradante  de Assange em seu julgamento na segunda-feira (04/01), tal fato foi desconsiderado no veredito de hoje (06/01). As condições da penitenciária de segurança máxima britânica e seu isolamento quase completo são os principais motivos.

Nils Melzer, o relator especial da ONU sobre tortura comentou na segunda feira (04/01):

“A sentença falha ao reconhecer que o estado deplorável de saúde do Senhor Assange é resultado direto de décadas de violações intencionais e sistemáticas de seus direitos humanos mais básicos pelos governos dos Estados Unidos, Reino Unido, Suécia e Equador.”

“Mesmo com pendencia do recurso judicial, seu isolamento contínuo em uma penitenciária de segurança máxima é totalmente desnecessário e desproporcional. Não há justificativa alguma que o impeça de aguardar a sentenca final em um ambiente em que ele possa recuperar sua saúde e seguir em normalidade, levando uma vida familiar e profissional”, acrescenta Melzer.

Sevim Dagdelen e Heike Hämsel, membros do parlamento alemão pelo partido DIE LINKE, descreveram em um comunicado de imprensa o julgamento de hoje como um escandalo:

“A decisão da justiça britânica é um ataque à vida e à saúde de Julian Assange. O governo federal deve fazer todo o possível para assegurar que Julian Assange não venha a falecer na penitenciária de segurança máxima de Belmarsh.”

Nils Muizieks, Diretor europeu da Anistia Internacional também comentou sobre o julgamento, da seguinte forma:

“Está claro que, desde o inicio, Julian Assange não deveria ter sido extraditado. As acusações contra ele foram motivadas politicamente e o governo britânico não deveria nunca ter apoiado o Governo estadunidense nessa perseguição implacavel a Assange”

“ O Governo dos Estados Unidos se comporta como se tivesse o direito em todo mundo de perseguir qualquer um que receba e publique informações sobre crimes governamentais. A justiça britânica, com a decisão de hoje, transparece que não tem intenção de se contrapor aos EUA“, diz Nils Muiznieks.


Traduzido por Ricardo Paris / Revisado por José Luiz Corrêa