Enquanto nossas atenções estão voltadas para as asneiras ou as fissuras que ocorrem no âmbito dos grupos apoiadores do governo de extrema direita em curso no país, o projeto neoliberal ganha corpo em várias frentes. Uma delas é o setor bancário, cujas demissões pelos grandes bancos estão a todo vapor, em plena pandemia da COVID-19. Os agiotas legalmente instituídos não vacilam quando pensam em demitir trabalhadoras e trabalhadores, mesmo que seus lucros líquidos estejam longe de representar prejuízos.

Somente no terceiro trimestre deste ano, o banco Itaú registrou o maior lucro líquido: R$ 4,492 bilhões. Em seguida veio o Bradesco, com R$ 4,194 bilhões e, por último, o Santander, que lucrou R$ 3,811 bilhões. Paradoxalmente, esses mesmos bancos estão aplicando uma política de enxugamento de suas “despesas”, através de demissões.

Os sindicatos dos bancários de vários estados têm realizado campanhas para denunciar esses abusos, as quais não contam com a atenção da mídia hegemônica, que praticamente “fecha os olhos” diante de tamanha crueldade. E é lógico que essa mídia não apoie a classe trabalhadora, uma vez que os meios de comunicação representam esses setores elitistas, como o dos banqueiros.

Nem trabalhadoras e trabalhadores com mais de 20 anos de serviço têm sido poupadas/poupados pelos Setúbal, Trabuco e Botin (me refiro às famílias acionistas majoritárias desses bancos) que, ao contrário, as/os descartam como se fossem lixo. O fato é que em plena pandemia esses grupos já demitiram mais de 12 mil pessoas, porque, logicamente, com uma média de lucro líquido trimestral na ordem dos 4 bilhões de reais, falta dinheiro para alimentarem suas pobres famílias.

É importante analisarmos, também, que essas demissões não afetam apenas as trabalhadoras e trabalhadores do setor bancário, mas ao conjunto da sociedade. Primeiro, pelo aumento do desemprego e as consequências advindas disso. Mas também porque cada dia aumenta a oferta de autoserviço por esses bancos, que nada mais é do que uma forma de terceirizar sem pagar salário. Sim. Porque, no final das constas, nós, pessoas comuns que temos uma conta bancária (muitas vezes porque não temos outra opção) passamos a realizar os serviços que essas bancarias e bancários descartada/o/s realizavam.

Tudo isso é o resultado do neoliberalismo trabalhando para se fortalecer a cada dia. E esse fortalecimento fica ainda mais fácil com o silêncio midiático e com a perda de força do movimento sindical, fatores que têm corroborado para que esse processo ocorra sem resistência.

Esse processo tem sido colocado em prática mais ferozmente em nosso país graças ao governo que temos atualmente. Enquanto o presidente da República e equipe desviam a nossa atenção com asneiras e problemas internos, o projeto neoliberal avança em várias frentes: seja destruindo o meio ambiente em nome do falso progresso; seja desmantelando o Estado, através da entrega das empresas públicas estratégicas; seja arquitetando maneiras cada vez mais crueis para eliminar o trabalho e a renda.