Nesta segunda-feira, 21, o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Democrata Trabalhista (PDT), o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido Comunista do Brasil (PC do B) se uniram ao presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, do Democratas (DEM), segundo eles para derrotar o presidente do país. Fico me perguntando que esquerda é essa que aceita se unir a um neoliberal que não vacila quando o assunto é acabar com os direitos das classes trabalhadoras.

A história se repete. Digo isso porque, para vencer as eleições em 2002, o PT não titubeou em se alinhar à escória nacional em termos partidários; e o mesmo continuou fazendo para manter-se no poder. Ao final do mandato petista, em 2016 (mandato usurpado), ficou patente que alianças fisiologistas não têm condições de terminar bem. Dilma Rousseff que o diga, pois teve o “tapete puxado” por seu vice Michel Temer, um dos expoentes da escória sobre a qual mencionei.

O atual governo do Brasil eleito em 2018 é, entre outras coisas, o resultado desse fisiologismo barato que jogou no lixo um projeto político audacioso em nome do poder a qualquer custo. Custo, inclusive, pago pelo próprio líder do PT, Luiz Inácio Lula da SIlva, que, durante um ano e sete mese, ficou encarcerado por crimes de corrupção cujas provas até hoje não forma apresentadas.

Contra uma escória pior?

O fisiologismo e o personalismo, a meu ver são as duas maiores características do PT e de Lula, as quais impediram, inclusive, uma retomada do poder pelos grupos progressistas (prefiro não chamar de esquerda), quando o lider petista “bateu o pé” até o fim que seria ele o candidato à Presidência em 2018. Mas esse fisiologismo e personalismo não são exclusividades do PT e nem de Lula. Ciro Gomes que o diga, pois, no mesmo contexto, por não haver sido escolhido candida à Presidência pelo PT, preferiu viajar à Europa a apoiar a candidatura petista no segundo turno. O resultado de tudo isso foi a subida da extrema direita ao poder em nosso país.

Todo o desastre que o Brasil tem vivido a partir de 2016, com a derrubada de Dilma Rousseff; e sobretudo a partir de 1º de janeiro de 2019 com a subida desse governo desastroso que ainda tem dois anos de mandato, parece não haver sido suficiente para o PT e as ditas esquerdas aprenderem. A união com Maia é a prova mais cabal.

Neoliberal “de carteirinha”, o presidente da Câmara Rodigo Maia atua em conformidade com os interesses das classes dominantes, sobretudo aquelas detentoras de capital. Ele defende todas as pautas cujo objetivo seja desmantelar o Estado brasileiro de modo que este apenas sirva para defender os interesses dessas elites, a exemplo das reformas Trabalhista, da Previdência e Administrativa, além das privatizações das empresas públicas.

Maia afirmou que o que une a equerda a seu nome é a defesa das liberdades individuais e dos direitos das minorias. Sim, ele defende as liberdades individuais e os direitos das minorias, pois é defensor do “senhor mercado”, aquele se encarrega de assegurar que 1º da população mais rica do nosso país concentre 28,3% da renda, e que 10% dos mais ricos concentrem 41,9% da renda, tornando o Brasil o segundo com maior concentração de renda do mundo.

Como conceber uma aliança entre as chamadas esquerdas e Rodrigo Maia? O poder a qualquer custo não vale. Conforme exemplificamos, o PT experimentou essa via e ficou comprovado, por A mais B, que mais vale esperar para chegar sem se sujar com a escória, pois o contrário é igual a retrocesso, como o que estamos vivenciando agora. Quantos passos já demos para trás, e quantos outros mais nos aguardam, considerando essa estratégia de se aliar com escória contra uma escória pior? O Brasil precisa (e merece) outro caminho.