DICA DE LIVRO

 

 

A dica de leitura dessa semana, fica por conta da 2ª edição do livro #PAREM DE NOS MATAR! da escritora mineira Cidinha da Silva, editado pela Pólen Livros em parceria com a Kuanza Produções, o livro versa sobre a questão da necropolítica entranhada na nossa sociedade, reunindo crônicas escritas entre os anos de 2012 e 2016 sobre racismo, branquitude, morte simbólica e física, além de tratar dos privilégios raciais. O livro trata de questões caras sobre essas violências, porém ao jogar com imagens e as palavras a autora nos mobiliza e nos convoca para uma caminhada contra o racismo, destacando pessoas, atitudes e instituições que resistem ao projeto em curso de genocídio da população negra.

Segundo Luis Carlos Ferreira, da Revista Fórum, “a autora, de maneira cuidadosa, nos mostra que o racismo nos golpeia em diversos âmbitos. É um livro de crônicas do “Pensamento do Tremor”, em alusão ao termo de Édouard Glissant, pois o racismo estrutura a vida: a política, a estética, a epistemologia. E assim, o livro trata de questões que nos reúnem num turbilhão de percepções, sensações e compreensões, tais como, o genocídio da juventude negra, a resistência das mulheres negras, o racismo nas mídias e futebol, intolerância religiosa, homofobia, ódio, dor, lembrança, morte, saudade, utopia, encontro, liberdade e beleza. O “grito aberto” de #Parem de nos matar! evidencia o problema crucial da obra, a morte física e simbólica da população negra. A beleza de #Parem de nos matar! golpeia e não foge.

O livro tece em sua construção a ética, pois se ocupa das vidas negras combatidas e aniquiladas nas suas mais diversas esferas, e a política, evidenciada em uma necropolítica, conceito cunhado por Achille Mbembe. Uma política de morte construída e elaborada contra as vidas negras linchadas em praças públicas. Como afirma Cidinha da Silva ‘No mundo real, entretanto, eram sempre negros os alvos dos linchamentos. Qualquer motivo, qualquer suspeita, qualquer vacilo diante das regras do establishment justificava a eliminação física do suspeito’ (SILVA, Cidinha, 2016, pag. 22). Esta eliminação é possível por causa de uma sensibilidade educada pelo racismo. Desta maneira, adentramos em uma outra esfera, a da estética, também presente no livro.”

Aproveite e boa leitura!


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