Este tipo de conhecimento ajuda a reconhecer notícias falsas, na mídia tradicional ou na internet, sobre negros, indígenas, mulheres e outros grupos menos favorecidos; no Brasil, existem vários cursos oferecidos por ONGs.

Um dos objetivos da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, na área da comunicação é promover a alfabetização midiática e informacional.

Em uma série de entrevistas, a agência está falando com especialistas sobre como este tipo de conhecimento pode ajudar as pessoas a evitarem estereótipos que levam à discriminação e ao ódio.

Brasil

Especialista brasileiro destacou o trabalho do Núcleo da Consciência Negra na Universidade de São Paulo, Diogo Moreira/Governo de Sao Paulo

A Unesco conversou sobre o tema com a co-presidente do Centro Internacional de Ética da Informação da África do Sul, Rachel Fischer, e o professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, Felipe Chibás Ortiz.

Para o especialista brasileiro, a alfabetização nesta área ensina como desenvolver o pensamento crítico, principalmente em jovens e adultos.

Segundo o professor, “as pessoas aprendem a reconhecer e desmascarar notícias falsas, na mídia tradicional ou na internet, sobre negros e indígenas, mulheres e outros grupos menos favorecidos”.

Chibás Ortiz disse à Unesco que estas capacidades também ajudam “a analisar cuidadosamente as mensagens e a realidade de maneira mais objetiva, sem preconceitos ou barreiras culturais, como etnia, raça, religião, identidades culturais, gênero e migração.”

Missão

O trabalho da Unesco em comunicação promove uma diversidade de vozes em todos os tipos de informação, seja através de livros, plataformas digitais ou meios de comunicação.

Uma maneira de fazer esse trabalho é dando formação a professores, para que possam ajudar as próximas gerações a entender o poder da representação da mídia e como analisar mensagens em espaços online ou offline.

O professor universitário brasileiro diz que já viveu muitas experiências de discriminação racial. Segundo ele, isso é algo que “está muito arraigado” na sociedade.

Chibás Ortiz falou também sobre como a alfabetização midiática está sendo aplicada no Brasil. Existem cursos oferecidos por ONGs e na Universidade de São Paulo, por exemplo, existe o Núcleo da Consciência Negra.

África do Sul

Já a especialista sul-africana, disse que esta disciplina “é um dos elementos centrais no combate à discriminação racial.” Segundo ela, aprender a usar a mídia permite “buscar, avaliar e transmitir informações precisas, sendo menos provável que alguém discrimine estiver completamente informado.”

Rachel Fischer destacou várias formas de discriminação, como comentários em redes sociais, políticas de seleção de empregos e discurso público. Ela diz que essa mistura de experiências “corrompe sistematicamente o tecido social e a dignidade humana.”

A especialista explica que, em muitas comunidades sul-africanas, a consciência racial está gravada na identidade das pessoas, através de discursos políticos, econômicos e sociais. Os empregos que as pessoas têm, os subúrbios em que vivem, as escolas em que estudam, a comida que comem e os locais onde compram são todos influenciados.

Fischer conta que existem muitas iniciativas que buscam promover literacia em mídia, digital e informação em seu país. Com a pobreza e o desemprego sendo dois grandes desafios da África do Sul, ela diz que as pessoas “ficam mais bem posicionados para aprender, trabalhar e contribuir para a sociedade de maneira informada.”

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