Precisamos urgentemente de um antídoto para exterminar a ameaça de uma doença, que muitos pensavam estar extinta, mas que voltou com força total num país continental da América do Sul. A doença se alastrou em todo território e está dizimando milhares de vidas. Os povos originários, pretos e pobres são os mais ameaçados, mas o micróbio ataca também a classe média e, quem mais ousar oferecer alguma resistência ao seu ataque.

Não, eu não estou falando da pandemia, mas do governo de Jair Messias Bolsonaro.

No último dia 22 de abril, data simbólica para todos os brasileiros, onde se comemora o descobrimento, foi realizada em Brasília, no terceiro andar do Palácio da Alvorada, a reunião de uma colônia de bactérias devoradoras da liberdade e da democracia. A pauta do encontro revelou que a ignorância caminha junto com a maldade e o autoritarismo.

Por determinação do ministro, Celso de Melo, decano do Supremo Tribunal Federal, o documentário trash e de quinta categoria foi liberado para ser divulgado para todos os brasileiros e, a quem mais no mundo, se interessar pela aberração que acontece no Brasil em pleno séc 21.

Mesmo o Brasil estando entre os principais focos da pandemia da Covid-19 no  mundo, o mandatário brasileiro teceu um rosário de impropérios e sequer citou as mortes dos brasileiros ou apontou um caminho para que o país possa vencer a pandemia e achatar a curva de mortes e de contaminações. Não o fez, não porque é incompetente, mas porque é mal. Ficou claro para todos, que o interesse daquele grupo de micróbios  que estavam ali reunidos era se autodefender e promover um ataque às instituições democráticas e aos direitos garantidos pela Constituição. No mínimo, tínhamos ali, um crime de conspiração, onde todos deveriam ter saído algemados.

Podemos elencar um a um os crimes ali cometidos, tanto pelo presidente da república, quanto pelos seus comparsas.

Além da falta de decoro, que ficou evidente, na aglutinação dos micróbios foram cometidos outros crimes como, a exaltação da tortura, o aparelhamento do estado para proteger ações do governo e de seus familiares com a interferência na Policia Federal, a quebra de leis de proteção ambiental, o apoio a prática autoritárias como, a ameça de prisão para prefeito e governadores, ataques à liberdade de imprensa , o apoio de formação de milícias armadas para combater o que lhe é diferente, o incentivo claro a confrontos sociais de classes e um ataque direto aos ministros do Supremo Tribunal Federal.

Tudo o que foi visto na reunião ministerial não chegou a ser novidade, pois aquelas falas já estavam presentes no cenário brasileiros desde a pré campanha de Jair Bolsonaro à presidência da República.  Nenhum brasileiro foi enganado, muito menos a imprensa. Todos sabiam da folha corrida de Bolsonaro e seus filhos quando entraram nessa aventura e se deixaram levar pelas ideias fascistas que eles defendiam.

Toda a hostilidade, mal caratismo e ideais conspiradores estavam no currículo do Messias, inclusive tendo gerado o seu afastamento das Forças Armadas.

Foto Palacio do Planalto 22/04/2020

Com o pensamento crítico  abolido dos meios de comunicação e a consciência de classe jogada na lata do lixo, estamos voltando a estaca zero e tentando sem sucesso colocar em prática  décadas de discussões e conhecimento cientifico sobre  conceitos de esquerda, direita, centro e outras vertentes não tão convencionais. A pergunta é _ por que voltamos ao passado?

Poderia dizer a principio, que a partidarização do estado tenha sido um dos fatores. Ao juntar em grupos, pessoas  com formação tão distinta e sem a solidificação necessária dos fundamentos do pensamento que norteiam a  sociedade moderna, cometemos o pecado quase mortal, de misturar o joio e trigo sobre a mesma bandeira.  Capital e social se negam no discurso e se amasiam nos encontros palacianos depois da meia noite.

Numa visão mais ampla e fundamentada na psicologia social, podemos apontar – pelo menos a grosso modo – que o recalque seja o grande responsável por todo o caos social. Na psicologia de grupos ou social, vemos que os indivíduos estão condicionados às influencias do grupo, mas conservam suas convicções primárias, geralmente enraizadas na ignorância – aquilo que ele não teve condições de absorver ou, que simplesmente, recusa.

No atual momento brasileiro, tirando obviamente a estratégia nefasta de corruptos se livrarem de suas penas, usando para isso, os meios legais, através do aparelhamento  politico, sem precedentes na história de nosso país, onde  forças parlamentares,  justiça , o poder central do executivo  e, agora as Forças armadas, caminham de mãos dadas para fabricar uma carapaça protetora a seus pares, vemos uma sociedade dividida pela própria ignorância, incentivada pelos meios de comunicação de massa e pela proliferação de ferramentas de multiplicação de opiniões da grande rede, principalmente nas chamadas redes sociais, através das opiniões de psicopatas e as chamadas fake news. A falta de um filtro na imprensa, fundamentado na ética da comunicação e de um norte na utilização das redes estão possibilitando – a passos largos – os alicerces sólidos do  fascismo e do caos na sociedade brasileira. O caminho sem volta da ignorância, onde o “olho por olho e o dente por dente”, pode ser exercido num ovo atirado, no cassetete no lombo,  numa execução a tiros , nos coquetéis molotov ou numa operação da Policia Federal.

Tudo isso, no entanto, parece pouco diante dos pequenos conflitos diários onde a grande massa pede socorro para colocar o alimento na mesa diante de uma pandemia. Famílias  estão sendo destruídas, justamente no governo que se elegeu com o discurso hipócrita  de preservá-la.

Estamos sendo governados por uma raça que se acha suprema, instituindo a eugenia nos trópicos construído pela miscigenação, assim como o nazismo fez na Alemanha.   Fechar os olhos para as injustiças, os ouvidos, para as bombas e a voz, contra os desvios morais de nossos comandantes não vão nos absolver do processo destrutivo que estamos construindo – por participação direta ou omissão.

Promover o confronto entre direita e esquerda dentro de um contexto, que não seja pelo viés democrático, onde o diálogo busque um entendimento para a convivência pacífica na intercessão  das duas correntes de pensamento é se revelar e se auto pronunciar joio ou simplesmente, idiota – pois extremos não dialogam.

Corremos riscos de estarmos sendo governados por fascistas e mais ainda, por termos dado a esses fascistas, o direito legal de nos governar, influenciados obviamente pelas distorções do sistema democrático. Isso, se agrava ainda mais quando a sociedade clama em silencio por reformas políticas, dando a esses mesmos   fascistas as armas para a transformação, enquanto o vírus  e a pandemia avançam pelo interior do país, matando pessoas e colocando em risco a segurança sanitária e a produção de alimentos.  Estamos transformando, o que poderia nos salvar no nosso novo calvário. E vamos continuar caminhando, cada vez mais  sem liberdade de dizer o que pensamos e, pior, sem vontade de continuar pensando, pois esse é projeto em curso no Brasil. O projeto da baioneta que corta línguas e pensamentos e lava as calçadas e praças com sangue. Precisamos nos curar para salvar vidas e a democracia brasileira.