Por Inês Castilho

Da Índia aos Estados Unidos, do Brasil ao Malawi, mais de 1,6 milhão de jovens, em 2.265 cidades de 125 países, nos cinco continentes, farão nesta sexta a segunda Greve

Dois meses depois de celebrarem a maior manifestação internacional pelo clima jamais ocorrida, jovens de todo o mundo fazem história novamente nesta sexta, 25 de maio, com a segunda greve global.

A inspiração veio de Greta Thunberg, a menina sueca de 16 anos descendente de Svante Arrhenius, Prêmio Nobel de química em 1903 e um dos pais da ciência das mudanças climáticas, que começou o movimento contra as mudanças climáticas. Às sextas-feiras, Greta faltava à escola e ficava horas sozinha diante do Parlamento sueco pedindo aos políticos para adotar fontes de energia renovável e ajudar a conter o aquecimento global.

“Nossa biosfera está sendo sacrificada para que os ricos, em países como o meu, possam viver no luxo. É o sofrimento da maioria que paga pelo luxo de poucos”, disse Greta em dezembro passado, na COP24 da Polônia. “Vocês nos ignoraram no passado e nos ignorarão de novo. Não estamos mais no tempo das desculpas, não temos mais tempo. Viemos aqui para lhes dizer que, gostem ou não, a mudança está chegando. O poder real pertence ao povo.”

Pela segunda vez em pouco mais de dois meses, amanhã os jovens defensores da justiça climática deixarão suas escolas e locais de trabalho em cerca de 125 países de todos os continentes. Da Suécia ao Canadá, dos Estados Unidos e oito países da América Latina à Namibia, Índia, Afeganistão e Ubequistão, passando pela Alemanha, França, China, Austrália e Nova Zelândia, a greve dos e das adolescentes varre o mapa. Até esta quinta (23.05) estavam agendadas 2.265 greves estudantis. Duas delas na Antártida.

Só no Brasil, informa o mapa do site oficial FridaysForFuture, jovens devem fazer greve nas capitais Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Aracaju, Recife, Fortaleza e Manaus, mas também nas interioranas Feira de Santana e Petrolina (BA), Bacabal (MA), Araguatins (GO), Joinville (SC) Ribeirão Preto e outras cidades do interior e litoral de SP tais como Sumaré, Sorocaba, Bragança Paulista, Praia Grande e Peruíbe.

No 15 de março, estimou-se em 1,6 milhões o número de manifestantes em 123 países. Os protestos agendados para amanhã superam os 1.325 ocorridos há dois meses.

Geração traída

“As gerações adultas prometeram deter a crise climática, mas não fazem a lição de casa, ano após ano. Nossa geração já não aguenta mais! Vamos faltar à escola e fazer ações pelo clima para obrigar os adultos a parar de queimar combustíveis fósseis e queimar o planeta que é nossa casa!”, clamam os adolescentes.

“Estamos nos levantando para que a indústria de combustíveis fósseis interrompa todos os projetos de extração de carvão, petróleo e gás e construa fontes de energia limpa para todos”, dizem eles, convidando quem os apoia a aderir ao protesto para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 graus Celsius.

Enquanto a maioria dos políticos no poder tem pouco tempo sobre a Terra, essas meninas e meninos serão ainda jovens em 2030, ano em que o aquecimento global será irreversível, como alerta o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) – a não ser que os líderes mundiais determinem imediatamente a interrupção das emissões de gases estufa que vêm aquecendo celeremente o planeta.

“Ativismo funciona. Então haja”, disse Greta pelo tuíte semana passada, chamando adesões e compartilhando um vídeo em que aparecem alguns dos jovens que participarão do evento global.

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