O Brasil é o país que concentra o maior número de assassinatos de pessoas trans. Estes números, certamente, estão subvalorizados dada a dificuldade de contabilizá-los. E a falta de registros que ajudem a identificar os homicídios como frutos de transfobia.

“A violência, se a gente fosse contabilizar cada uma delas, não daria para contabilizar. Porque é cotidianamente reportada em nossas redes sociais e conversas, violência. Ela se acirrou muito no período eleitoral, no qual o candidato a presidência começou a proferir todos aqueles impropérios contra a população LGBT. A prova disso é que logo após as eleições uma trans foi morta de forma violenta no centro de São Paulo. Existe ainda uma subnotificação desses casos de assassinatos.” – Keila Simpson, presidenta da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais)

“Se uma pessoa trans sofre uma agressão, ameaça, se ela for feita de forma presencial, ela pode ir até uma delegacia e registrar um boletim de ocorrência com todas as características do agressor. Mas também ela deve procurar órgãos de defesa dessas pessoas que trabalhem com essas formas de contabilizar e apontar essas violências. É importantíssimo ter esses dados registrados. Ligar no disque 100 do governo federal. É importante cobrar desses serviços a resolução desses casos. Entendendo que cada órgão tem as suas especificidades, a depender das pessoas que lá estão os serviços são bem ou mal resolvidos. Mas é importante buscar os serviços especializados, as notificações são importantes para a formulação de políticas públicas ” (Keila Simpson)

Um dos casos de violência ocorreu durante a IV Caminhada Pela Paz, em São Paulo. Em resposta a agressão, as organizadoras lançaram a seguinte nota:

NOTA PÚBLICA

“O Centro de Apoio e Inclusão Social de Travestis e Transexuais – CAIS não compactua e repudia a violência transfóbicas que ocorreu no último sábado, ao término da IV Caminhada Pela Paz: Travestis e Transexuais, Nossas Vidas Importam, organizada por nós, em parceria com outras importantes instituições da sociedade civil.

Ao final do ato político, jovens transexuais foram injuriados por ofensas transfóbicas por um homem que se apresentou como “militar da reserva”. Um homem que tentava defendê-los foi agredido fisicamente. O agressor ainda ameaçou a todos.

Somos resistência e denunciaremos para que as autoridades adotem as providências para que o agressor transfóbico seja devidamente punido.

Apesar de reconhecer a colaboração da Policia Militar, entre outras instituições públicas, exigimos que seja esclarecido o fato de que o agressor, detido por policiais militares, tenha conseguido evadir-se da base móvel da PM sem apresentar resistência. Para que não reste suspeita de cumplicidade com o ato transfóbico, exigimos da Secretaria da Segurança Pública a devida apuração deste episódio, adotando as sanções cabíveis!

Informamos que após lamentável episódio de violência transfóbica, a CAIS somou-se às vítimas, prestando-lhes a devida solidariedade e assistência jurídica.

Lamentamos que o fato tenha ocorrido em nossa manifestação por paz, mas foi apenas mais um dentre tantos outros atos de intolerância. Apesar de todas as dificuldades que nos são cotidianamente impostas, reafirmamos nosso compromisso com a Justiça e luta por liberdade.

Vamos afirmar nossa existência nas ruas, vamos ocupar a cidade com nossos corpos. Mais do que nossa solidariedade, queremos proporcionar às vítimas cidadania e justiça. Vocês não estavam sós: caminhamos juntos e assim será, SEMPRE!

São Paulo, 3 de fevereiro de 2019.

Centro de Apoio e Inclusão Social de Travestis e Transexuais – CAIS”

Abaixo uma lista de associações e centros de pessoas a pessoas LGBTs que querem buscar ajuda:

Associações

Associação Nacional de Travestis e Transexuais – Antra

Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – “ABGLT”

Associação das Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul “ATMS”

Homens Trans em Ação

Locais de apoio da cidade de São Paulo:

Centro de Cidadania LGBTI Luiz Carlos ruas

Centro de Cidadania LGBTI Laura Vermont

Centro de Cidadania LGBTI Luana Barbosa dos Reis