Onde está, nesse momento de nossa história, a intelligentsia militar do Brasil?
Quando Jucá explicitou os envolvidos no golpe contra Dilma, as Forças Armadas foram citadas.
Todas as vezes que se solicitou um habeas corpus a Lula, generais se pronunciaram interferindo diretamente nas decisões do Supremo.
Quando Moro condenou Lula passando por cima da Constituição e não teve sua decisão anulada pelo Supremo, tinha na retaguarda exatamente a garantia militar.
Quando Bolsonaro agradeceu ao General Villas Boas “por estar ali’, certamente se referia ao processo eleitoral que o levou à presidência.
Nesse momento da história há vários militares no governo, inclusive o presidente e o vice, além de vários ministros. Mas, o Ministro da Defesa já disse que as Forças Armadas estão vacinadas contra a política. Especialistas do ramo afirmam que a presença massiva de militares no governo não o torna necessariamente um governo militar.
A impressão que fica é que os militares estão tirando a castanha do fogo pela mão do gato, e o gato é o Judiciário. Mas, se houver qualquer surpresa fora do script, como a decisão de Marco Aurélio Mello de liberar os presos em segunda instância, as ameaças de intervenção direta voltam a ser brandidas.
Há uma opinião pública de que os militares estão representando o bom senso num governo de extrema direita, não só pelo desequilíbrio emocional e ideológico do presidente, mas também de vários ministros seus. Entretanto, é bom lembrar que os militares sustentaram a prisão de Lula para que Jair fosse eleito. Portanto, uma postura de controle e restrição democrática pública e clara.
O fato é que os militares atrelaram sua imagem a esse governo, seja para o bem ou seja para o mal, sem falar das consequências pavorosas para o povo brasileiro, para nossos bens naturais e a imagem internacional do Brasil.
Na verdade, a intelligentsia dos militares cada vez mais se confunde com a inteligência de Jair Bolsonaro, seus filhos, seus ministros e seus seguidores.