Uma onda de dor e impotencia causa hoje aqui a polêmica falha judicial no caso da jovem argentina de 16 anos Luzia Pérez, cujo assassinato consternou todo o país em 2016.

Depois de várias rodadas de interrogatórios, o tribunal oral do criminoso número 1 de Mar del Prata, absolveu os três acusados pelo crime e condenaram dois deles por venderem drogas ao considerar que não pôde ser provado o papel dos acusados no abuso sexual e na morte da moça.

A jovem Luzia, uma das tantas vítimas em uma nação onde se registram a cada 36 horas um caso de assassinato contra mulheres, foi drogada, violada, empalada (atravessada por uma estaca em seus genitais) e assassinada no mesmo dia que uma multidão marchava no Encontro de Mulheres na cidade de Rosario.

A justiça de Mar del Plata resolveu condenar dois dos homens a oito anos de prisão por ‘posse de drogas com fins de comercialização’ e a pagar uma multa de 135 mil pesos (três mil 450 dólares à mudança atual). O terceiro implicado, foi absolvido e solto.

Ainda se desconhecem os fundamentos enquanto a reclamação dos familiares e do movimento de mulheres se sente com dureza em uma jornada, na véspera, onde se viu a dezenas de mulheres chorando de raiva e impotencia nas portas do tribunal.

Foi um momento ‘horrível e doloroso’. ‘Condenaram os pela droga que tinham e não pela morte de Luzia, É uma vergonha’, disse com a alma partida Marta Montero, a mãe da vítima.

‘Vamos recorrer não baixaremos os braços’, agregou, em declarações das que se fez eco no diário Página 12.

Os integrantes do Tribunal, acrescentou a fonte, pediram à Procuração que pesquise a atuação da primeira promotora que interveio na causa, María Isabel Sánchez -que depois se afastou do caso- que no inícios da investigação sustentou que a jovem tinha sido violada e empalada.

Enquanto o advogado da família sublinha que apelará da sentença no coletivo Nem uma menos seus representantes saíram hoje com um duro comunicado no qual afirmam que a Luzia a mataram duas vezes.

A primeira vez, os ejxcutores diretos; a segunda, que absolveram os e assim negaram que dois adultos que fornecem cocaína para submeter a uma adolescente são responsáveis de abuso e femicidio, assinalou esse coletivo.

‘Querem dizer-nos que sua vida não conta, que as relações de poder que são a base da violência machista não existem, que o enorme movimento feminista que levou seu sorriso como bandeira de luta a todos os rincões do país tem que se calar’, agrega.

Nem uma menos, que inclusive encabeço uma grande greve nacional de mulheres pelo caso da jovem, manifestou que não as silenciarão. Não perdoamos, não esquecemos, não nos reconciliamos. Foi femicidio, realçou esse coletivo.

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