Entrevista com o Profeta Verde da Ganja coletiva, candidato a deputado federal pelo Psol. Profeta faz parte da Dobradona, projeto político que reúne diversas candidaturas aos cargos do legislativo tanto em nível estadual, quanto no nível federal e é inspirado no processo de construção política chileno, no qual houve uma expressiva vitória da Frente Ampla.

Pressenza – 1.Qual a sua trajetória?

Profeta Verde – Minha trajetória na política se mistura com a minha trajetória como maconheiro. Comecei a fumar maconha [quando] tinha quase 15 anos e estava no ensino médio, eu já bebia, já tinha experimentado cigarro, e nenhuma delas eu pirei, como alguns adolescentes piram, gostei da sensação [da maconha]. Comecei a usar ela quase que diariamente e até os dias de hoje. Fui usando recreativamente nas baladas, sem entender o porquê de usar ela. Em 2009, na faculdade de Direito, passei por uma situação delicada na minha vida pessoal, e entrei para o ativismo para a legalização da maconha, percebi que era uma grande injustiça. Como eu já gostava de política, eu vi que na maconha, pelo fato de ser maconheiro, eu vi uma causa, algo que tinha a ver com o meu ser. Sou uma das pessoas afetadas pela política equivocada anti drogas. Em 2009, participei da organização da marcha da maconha, em 2011, fizemos marchas e o STF julgou que a marcha da maconha não era apologia [às drogas]. Nesta marcha eu fui com a roupa de profeta, de profeta verde. Em 2012 eu participei da fundação ACuCa – Associação Cultural Cannábica de São Paulo, nela sou diretor presidente, estou afastado, por conta das eleições. Em 2016, sai como candidato a vereador pelo Psol, como profeta verde. Sou advogado e defendo os cultivadores, eventualmente alguns traficantes, porém não sou ligado a nenhuma associação criminosa. Também sou analista de marketing de uma empresa pública. Tenho duas filhas, sou companheiro da Estéfani, minha grande companheira que me da forças nesta luta diária.

P – 2.Quais são seus motivos para entrar na disputa política?

P.V. – Sempre gostei da questão política, dos debates, de como podemos mudar a sociedade. Eu fui me desiludindo com o passar do tempo, por entender os meandros da política na faculdade de Direito. Por conta do ativismo, eu decidi que era importante a gente retomar essa política, tomar ela das pessoas que estão fazendo coisas tão ruins. Eu era um anarquista convicto, anulava meu voto, e decidi me filiar ao Psol e sair candidato. Essa acabou se tornando a minha principal causa política. A participação política é a nossa primeira causa, o que queremos é que as pessoas voltem a participar.

P – 3.Quais são suas propostas?

P.V. -A primeira causa é a participação política, temos 8 propostas. Temos duas causas de conteúdo, políticas de drogas e políticas do amor. Na política de drogas eu já tenho um ativismo e nas políticas do amor é onde me encontrei com demais pessoas da Ganja Coletiva, como consciência corporal, maternidade, migração. Na política de drogas queremos o fim da guerra as drogas, a legalização da maconha e a redução de danos. Temos 21 propostas de políticas de drogas, 21 de políticas de amor e 8 propostas de participação política.

P – 4. Qual é a importância de apoiar a Dobradona?

P.V. -Com relação a dobradona. Conheci ela a pouco tempo, graças ao Régis, junto com os humanistas que apresentaram uma proposta de união. Nesta selva que é a política nós não conseguimos sobreviver de forma isolada. Participando de uma campanha de não competição. Nas pequenas diferenças nós conseguimos ser mais fortes. Um projeto muito potente em que tenho uma grande honra de fazer parte. Temos de ter fé que o amor superá o ódio, essa frase que me arrebatou.

*Fim da Entrevista

Ouça na íntegra a entrevista com o profeta verde –