Entrevista com Professora Silvana Soares, candidata a deputada federal pelo Psol. Silvana faz parte da Dobradona, projeto político que reúne diversas candidaturas aos cargos do legislativo tanto em nível estadual, quanto no nível federal e é inspirado no processo de construção política chileno, no qual houve uma expressiva bancada da Frente Ampla ocupando o Congresso Chileno.

Pressenza – Qual a sua trajetória?

Professora Silvana Soares – Sou professora da rede pública estadual de São Paulo há 31 anos, sou professora com 32 aulas em sala de aula. Sou doutora em Ciências Sociais pela Unicamp, privilegiei a educação básica [e pública], por entender que os filhos dos trabalhadores e das trabalhadoras são os que mais precisam do saber acumulado historicamente pela humanidade, por isso me mantenho nela há 31 anos. Também atuo no sindicato dos professores do estado de São Paulo e no movimento popular, movimento por abertura de creches no município de São Paulo, existe desde 2001. Abriu 8 creches públicas na região da Santa Cecília e impediu inúmeras de serem fechadas. Atuo junto a juventude, sobretudo após as ocupações vitoriosas de 2015, num movimento chamado juventude de luta, tentando organizar com essa moçada, junto com eles, para que eles se tornem protagonistas de sua história.

P. – Quais são seus motivos para entrar na disputa política?

P.S.S. – Primeiro é bom salientar que eu nunca dei meu nome para a política institucional, o motivo principal é acreditar que este espaço deve ser disputado pelos trabalhadores e trabalhadoras. Neste momento de descrédito da política institucionalizada, nós entendemos que seria uma irresponsabilidade, haja visto que eu já milita há quase 30 anos, não dar o nome para fazer esta disputa com o grande capital, eu me senti responsável em atender esta demanda neste momento histórico

P. – Quais são suas propostas?

P.S.S. – Garantir que as verbas para educação sejam superiores aos 4% do PIB destinado para a educação. A segunda proposta é a de que todas as crianças do ensino infantil possam ser atendidas pelo poder público, hoje uma parte pequena é atendida pelo governo, fazer cumprir a LDB [Lei de Diretrizes e Bases da Educação, legislação que regula o setor em nível nacional]. Tem criança que é atendida em escolas que já foram canis! Em segundo lugar, que os alunos do ensino público tenham acesso de fato a universidade pública. No geral, quem acessa os cursos da elite das universidades públicas, é geralmente da elite. Se faz necessário fazer um enfrentamento. Para a ampliação de vagas. Em terceiro lugar, eu gostaria de apresentar a garantia de que aqueles que adoecem no trabalho possam ter direitos ao atendimento saúde pública, sobretudo nas doenças vinculadas a saúde mental. No magistério uma parcela significativa dos professores adoecem pelas condições absurdas que encontram em seu ambiente de trabalho, o estado não responde a esta demanda. Se a pessoa em tratamento puder trabalhar, que o faça em condições diferenciadas, especiais. O estado tem de ter política pública para esta população.

P. – Qual é a importância de apoiar a Dobradona?

P.S.S. – A Dobradona é uma experiência diferente, coletiva. A gente diz que não estamos disputando votos entre nós, estamos disputando os votos que os políticos tradicionais financiados pelas empresas conseguem dos trabalhadores. Esta perspectiva coletiva é para ter uma representatividade no Congresso Nacional, na Alesp [Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo]. O grupo é diverso, cada um trabalhando em um nicho específico, nós não estamos discutimos entre nós. Estamos apresentando nossas demandas para os trabalhadores, para que eles possam ter confiança e colocar no Congresso Nacional e na Alesp pessoas que estejam ligadas a estas demandas, sobretudo as que estão subrepresentadas, mulheres, educação LGBT, negros e negras, inclusão de crianças com necessidades especiais, dentre outras pautas que queremos apresentar para o Congresso brasileiro.  

Ouça a entrevista na íntegra –