Manifesto da Frente de mulheres imigrantes e refugiadas

Presenciamos atualmente um momento delicado para o Brasil, um golpe de Estado. Isto gera um amplo retrocesso em vários âmbitos das nossas vidas. Para a comunidade imigrante e refugiada representa um aumento na restrição de liberdades políticas, aumento do discurso de ódio e aprofundamento e reafirmação do capitalismo. Em termos concretos, isso reflete na criminalização de mobilizações políticas de imigrantes e refugiados, precarização do trabalho e tráfico de pessoas, bem como, reformas nos setores da educação e saúde que vão em contra dos direitos sociais em um governo interino formado na sua maioria por homens brasileiros, brancos, heterossexuais e pertencentes à classe dominante. É importante dizer que isso afeta profundamente a mulher imigrante.

Assim, é preciso falar de gênero nas migrações. As mulheres que migram são expostas a riscos derivados de circunstâncias mais graves que os homens, por serem mulheres, em sua maioria, jovens e pobres. Estar em outro país gera o isolamento de nossas culturas, redes familiares e sociais, situações que provocam incertezas e maior vulnerabilidade.

Nossa luta é por um mundo mais justo, sem fronteiras e sem discriminação, com acesso a direitos humanos, dignidade e cidadania plena para as mulheres imigrantes e refugiadas e pelo direito a migrar. Reivindicamos que hajam mecanismos concretos de proteção dos direitos das mulheres atravessando fronteiras precariamente em diversos lugares do mundo. Basta de ódio, machismo, racismo, xenofobia, exploração sexual, tráfico de mulheres e crianças. Nos queremos Vivas.

Pensando e lutando por isso a Frente de Mulheres Imigrantes e Refugiadas intervém em diferentes atividades que diz sobre os direitos das mulheres imigrantes e refugiadas; como nossa participação na Marcha Mundial das Mulheres no 8 de Março, na Marcha pelo dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha no 25 de julho, e no Fórum Social Mundial das Migrações que aconteceu em 2016. Neste último, conseguimos criar um eixo de trabalho, o Eixo 3 “Migração, Gênero e Corpo”, como eixo permanente que visibilizasse melhor essa discussão em todos os fóruns e a garantia do 50% de participação de mulheres (i)migrantes e refugiadas em todos órgãos deliberativos de dito evento.

Agora, quando falamos da importância de se falar gênero nas migrações e de abrir espaços de visibilidade e protagonismo das mulheres imigrantes e refugiadas, não somente falamos de mulheres heterossexuais, mas também de todas as pessoas dissidentes de gêneros como as mulheres lésbicas, mulheres e homens trans. Nós como Frente combatemos toda e qualquer forma de LGBT fobia, bem como a xenofobia, o racismo e mandamos toda a nossa solidariedade para a população pobre, preta e periférica.

A Frente de Mulheres Imigrantes surgiu no percurso do ano 2013 como um bloco específico dentro da Marcha de Imigrantes que acontece cada ano na cidade de São Paulo, a partir daí nos mobilizamos e construímos um movimento de mulheres imigrantes e refugiadas de diferentes coletivos que se manifestam e posicionam em conjunturas políticas em prol dos direitos das mulheres imigrantes e refugiadas, lutando por ter maior visibilidade e espaços de protagonismo.

Desse modo, exigimos uma legislação inclusiva que priorize direitos de gênero e interculturalidade com políticas que garantam tratamento digno e respeitoso nos equipamentos públicos; que extingam a xenofobia e apoiem a integração da mulher e da comunidade imigrante.

Reivindicamos campanhas de informação e sensibilização com relação á comunidade imigrante a fim de favorecer o seu empoderamento e que modifique a cultura xenofóbica da população brasileira.

Exigimos também maior visibilidade cidadã através de espaços de protagonismo e representatividade para as mulheres imigrantes e refugiadas nos espaços públicos como órgãos de governo.

Adicionalmente, estamos aqui para gritar BASTA DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER IMIGRANTE E REFUGIADA!

O machismo e a xenofobia não passarão!

Por iguais oportunidades de acesso a educação e direitos trabalhistas para as mulheres.

Por maiores espaços de protagonismos e representatividade para as mulheres imigrantes e refugiadas!

Chamamos todos e todas as representantes da sociedade civil para se juntar à causa das mulheres imigrantes e refugiadas, que é também uma causa universal, pois a humanidade sofre com o machismo e a xenofobia.

Frente das mulheres imigrantes e refugiadas de São Paulo

Mulheres imigrantes e refugiadas no 08/03 São Paulo
Praça de Sé (em frente à Caixa Cultural) – 16h30
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