Por Paulo Vannuchi/RBA

Analista comenta reportagem sobre um casal que se dedica a escalar montanhas e cita Hannah Arendt, ao relacionar o ócio como momento em que o ser humano exercita sua capacidade de transcender.

São Paulo. O direito humano ao lazer está lá no artigo 24 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Junto com repouso, termo que remete à luta histórica por férias. Férias remuneradas, depois com adicional, mais tempo de férias.

Fora do repouso, que é absolutamente indispensável – durante os três séculos e meio de escravidão não havia tempo para nenhum –, o direito ao lazer é importante porque a necessidade do ser humano se desligar um pouco remete diretamente ao direito humano à saúde.

Para os mais pobres e para o trabalhador em geral, o exercício desse direito depende do Estado. No Brasil, a Constituição de 1988 foi a primeira a registrar o direito ao lazer. O problema é isso não se traduzir em quase nada. Há também o vínculo com cultura, com um momento em que se pode desfrutar de uma leitura, um museu, um espetáculo, um aprendizado.

A inspiração para o comentário de Paulo Vannuchi hoje (16) na Rádio Brasil Atual, sobre o direito humano ao lazer, vem de uma reportagem de Adriano Wilkson, no UOL Esporte. Wilkson retrata as aventuras de um casal, Guilherme Simões e Juliana Tozzi, que refazem, na companhia do filho Benjamim, ainda bebê, caminhadas por dezenas de montanhas. Trilhas que já haviam percorrido antes de Juliana, hoje cadeirante, perder a capacidade de andar, de controlar movimentos de braços e de falar – em decorrência de um câncer descoberto durante a gravidez.

Vannuchi cita a escritora e filósofa alemã Hannah Arendt, que definiu o ócio como um momento em que o ser humano tem capacidade de transcender. E relaciona, em seu comentário, o direito ao lazer e ao bem viver à solidariedade, a superação, à energia necessária para associar a existência, além da necessidade do trabalho, ao prazer como fonte de formação de um ser humano mais completo.

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