Por Renato Cortez

Manifestação organizada pela Frente Povo Sem Medo reuniu multidão na capital paulista. Movimentos sociais ligados à luta pela moradia, terra, educação e saúde, entre outros, estiveram presentes e mandaram seu recado contra o governo de Michel Temer.

A Avenida Paulista recebeu na tarde deste domingo (27) mais um grande ato Fora Temer. Puxado pela Frente Povo Sem Medo, a atividade contou com a participação de aproximadamente 40 mil pessoas. Entre elas, muitas crianças e idosos, ressaltando o caráter pacífico e fraterno da manifestação, em contraponto à exaltação ao ódio e preconceito verificada em muitas das atividades organizadas pelos apoiadores de Michel Temer.

O ato teve início às 15 horas, com a concentração de movimentos sociais e defensores da democracia e da legalidade nos arredores do Masp. Para animar a massa, discursos de lideranças variadas e música. O cantor e compositor Chico César estava lá e, do alto do carro de som destacado para a atividade, fez um pequeno show para a multidão que esperava a saída do ato.

Foto Mídia NINJA

Foto Mídia NINJA

Foto Mídia NINJA

Foto Mídia NINJA

A estudante Letícia Soares, de 17 anos, estava animada. “Acho que as pessoas estão começando a perceber que este governo foi montado para evitar a punição de corruptos. Em seis meses, seis ministros saíram por denúncias de falcatruas”, citando o mais novo escândalo do governo Temer, o pedido de demissão de Geddel Vieira Lima, Secretário de Governo até o último dia 25.

Denunciado pelo também ex-ministro Marcelo Calero, que ocupava a pasta da Cultura, Geddel é acusado de ter pressionado setores do governo para a liberação de um empreendimento imobiliário na orla da cidade de Salvador, capital da Bahia. Após uma semana conturbada, as tentativas de blindar o ministro não surtiram efeito, culminado com o pedido de demissão feito na sexta-feira.

Foto Mídia NINJA

Foto Mídia NINJA

Foto Mídia NINJA

Foto Mídia NINJA

As reiteradas denúncias de corrupção de integrantes do governo Temer também foram citadas por Afrânio Borges. O aposentado de 73 anos se disse espantado com a audácia dos homens fortes de Michel Temer. “Eles agem com a certeza da impunidade, é uma coisa assustadora”, indigna-se. “Vivi o golpe militar e lutei pela redemocratização do Brasil. Já vi muita coisa, mas nada igual aos dias de hoje”, completa.

Afrânio credita essa desenvoltura para agirem às margens da lei ao “consórcio montado para destituir Dilma Rousseff”. Em sua opinião, “existe uma nítida aliança entre setores do judiciário, ministério público e imprensa para reconduzir ao poder coronéis sem voto”. Ele cita o burburinho em torno de uma eventual eleição indireta para eleger FHC, que surgiu no meio político desde o aparecimento de novos casos de corrupção do governo Temer. “Precisa mais para o povo perceber o que está acontecendo?”, pergunta com ar perplexo.

Foto Mídia NINJA

Foto Mídia NINJA

A manifestação marchou pela Avenida Paulista rumo à Praça da República, descendo pela Consolação. Durante o trajeto, palavras de ordem dos movimentos sociais presentes à atividade e jogral para contextualizar o que está acontecendo em nosso País. A multidão que seguia atrás do carro de som também aproveitou para colar cartazes pelo caminho com informações sobre o governo Temer, em especial os retrocessos previstos com a PEC 55, tramitando no Senado Federal. A tentativa de anistiar o caixa 2 foi outro recado passado para a população.

Cresce na sociedade a rejeição por Michel Temer, manifestada em diversos níveis e por agrupamentos sociais variados. Mesmo com o apoio da imprensa corporativa e a displicência dos órgãos de controle em fiscalizar o seu governo, a população brasileira começa a perceber que o afastamento de Dilma Rousseff em nada teve a ver com esquemas de corrupção ou decorrente da crise. Em seis meses, o Brasil retrocedeu em índices econômicos e sociais, além de ver o surgimento de novos escândalos, muitos protagonizados por homens importantes do governo.

Foto Mídia NINJA

Foto Mídia NINJA

Foto Mídia NINJA

Foto Mídia NINJA

A aventura antidemocrática parece estar chegando ao seu limite. Ou prestes a ser pior do que se poderia imaginar. A possibilidade de eleição indireta existe e pode resultar em um governo ainda menos identificado com os desejos da população. Agora é observar os movimentos do Congresso Nacional e manter a vigilância contra a retirada de direitos e desmonte do Estado brasileiro.

Foto Mídia NINJA

Foto Mídia NINJA

Foto Mídia NINJA

Foto Mídia NINJA

O artigo original pode ser visto aquí