A ex-senadora colombiana Piedade Córdoba, liberada de uma sanção disciplinar contra ela, assegurou hoje que por agora sua principal missão dentro do âmbito político será promover a vitória do Sim no próximo plebiscito.

O Conselho de Estado anulou ontem a medida com a qual a Procuradoria a desabilitou para exercer cargos públicos por um período de 18 anos, uma das duas sentenças que pesavam contra ela.

Segundo a defensora de direitos humanos e líder da plataforma Marcha Patriótica, de imediato sua maior preocupação é alcançar os 10 milhões de votos necessários para aprovar com uma ampla margem os acordos de paz entre o Governo e as FARC-EP, resenhou a RCN La Radio.

Com todo respeito – acrescentou – acho que as pesquisas não chegam a regiões do país castigadas pelo conflito interno e onde muita gente está muito entusiasmada pelos resultados das conversas com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP), principal guerrilha envolvida na guerra interna.

A julgar por seus progressos, tais diálogos poderão terminar em data próxima com o chamado Acordo Final que persegue terminar com o longo conflito entre ambas partes, ato ao qual seguirá a décima conferência desse movimento insurgente, a assinatura protocolar da paz e depois o plebiscito.

Eu não entendo que em um país (…) com oito milhões de vítimas diretas da contenda, deslocamentos forçados, massacres, tenha gente que possa pensar por um segundo em um voto negativo durante esse exercício democrático que buscará referendar um esforço tão importante, comentou a ex-congressista, citada pela emissora nacional.

As reuniões formais entre porta-vozes do Executivo e das FARC-EP começaram em Cuba desde 2012 e durante o plebiscito o povo deverá validar o conjunto de pactos subscritos.

Ainda que o limite estabelecido seja de quatro milhões e meio de votos para autentificar o acordo, setores da esquerda liderados por Córdoba anunciaram que tentariam chegar aos 10 milhões, fruto de uma cruzada nacional.

Por 17 votos contra 6 foi declarada a nulidade do processo que desabilitou a também fundadora do Colombianos e colombianas pela paz em 2010, quando a entidade de controle a condenou por supostos vínculos irregulares com as FARC-EP, a partir de elementos que – assegurou – estavam no computador do abatido chefe guerrilheiro Raúl Reyes.

Naquele momento Córdoba foi reconhecida especialmente por seu trabalho de mediação ante as FARC-EP para conseguir a libertação de várias pessoas que permaneciam retidas por esse grupo, recordou o portal digital El Espectador.

A exposição a seu favor alegou que o selo de segurança do mencionado equipamento foi rompido, portanto não existiam garantias sobre a veracidade dos arquivos.

Ao se pronunciar a respeito deste caso a Corte Suprema de Justiça opinou que as supostas provas encontradas nesse computador não eram legais.

Quando foi sancionada pelo Procurador Geral Alejandro Ordóñez, a invalidade das evidências apresentadas era claríssima, comentou o site.

Córdoba enfrenta ainda uma segunda sanção disciplinar imposta em 2012 a qual a desabilita igualmente para exercer cargos públicos, porém durante 14 anos.

Nessa oportunidade a Procuradoria usou o argumento de participação indevida na política.

Para ela faz parte do repertório de agressões do procurador Ordóñez.