Análise por Thais Moya para os Jornalistas Livres

Estudo exclusivo de da socióloga Thais Moya para os Jornalistas Livres. Ela é pós-doutorada pela Unicamp e ficou conhecida por seu estudo e cruzamentos que desnudaram a Planilha da Odebrecht, revelando que a direita e Eduardo Cunha eram os grandes protagonistas do esquema da empreiteira. O estudo de Thais aponta: há 337 deputados favoráveis ao golpe, 145 contrários e de fato apenas 5 indecisos (ela estima 26 ausentes). A  intuição de Thais: 340 golpistas e 146 democratas. Se for isso mesmo, o golpe não passa. Leia o estudo.

Neste domingo, a Câmara dos deputados decidirá pela abertura ou não do processo de impeachment. Para que o processo seja aberto é necessário que dois terços dos deputados votem favoravelmente, o que corresponde a 342 votos. Essa quantidade de votos é necessária independentemente da quantidade de votos contrários e também das abstenções e ausências no dia. Ou seja, ou conseguem 342 votos, ou não aprovam a continuidade do processo de impeachment de Dilma.

O senador Roberto Requião, PMDB/PR, anunciou, na manhã de ontem, sábado (16), que deputados estavam deixando Brasília com intuito de não participarem da votação.

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Até 22h de sábado, 488 deputados registraram presença na sessão que começou as 18h58, o que demonstra que 25 deputados não estão na Câmara a poucas horas da votação. Destes 25, mais de 80% não registraram presença nas três sessões anteriores do mesmo dia.

Em 1992, na votação do impeachment de Collor, houve 23 ausências e abstenções, ou seja, em torno de 5% da Casa. Não seria surpreendente se a mesma parcela se ausentasse nesse domingo.

Dos 25 deputados que não registraram presença, onze se manifestaram favoráveis ao impeachment, dez contrários ao processo e quatro se dizem indecisos. Arrolados nos partidos PEN, PMDB, PP, PR, PROS, PSB, PT, PTB, PT do B, PTN, PV e SD.

Se essas projeções de ausências se concretizarem na votação, os dois lados poderão perder em torno de dez votos já contabilizados, o que colocaria o grupo favorável ao impeachment numa margem ligeiramente inferior aos 342 de votos necessários.

Esta margem aumenta se cruzarmos os dados dos mapeamentos realizados por movimentos favoráveis e contrários ao impeachment (Vemprarua.net e mapadademocracia.org.br), pois a relação de indecisos não são compatíveis, o que revela um cenário ainda mais imprevisível para votação.

O “mapa da democracia”, realizado por movimentos contrários ao impeachment, contabiliza 20 nomes entre os indecisos, já o “mapa do impeachment”, do movimento golpista, contabiliza 27 deputados indecisos. Além dos números não baterem, os nomes dos indecisos variam muito em cada mapa. Apenas 8 deputados estão nas duas listas, ou seja, há uma variação de mais 15 nomes entre contrários e favoráveis.

Indecisos nos dois mapas: Aníbal Gomes (PMDB/CE), Brunny (PR/MG), Hissa Abrahão (PDT/AM), José Priante (PMDB/PA), José Reinaldo (PSB/MA), Marcio Alvino (PR/SP), Paes Landim (PTB/PI), Tiririca (PR/SP).

Quando se faz a conferência dos nomes incompatíveis, se percebe que há 17 nomes que o “mapa do impeachment” coloca como indecisos, porém, no “mapa da democracia” aparecem como contrários. No lado inverso, havia 8 nomes como indecisos no “mapa da democracia” que aparecem como contrários no “mapa do impeachment”. Fora isso, há 4 nomes que o “mapa do impeachment” coloca como contrários que o “mapa da democracia” considera como indecisos.

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Portanto, entre 40 indecisos presentes nas duas relações, 21 são potencialmente contrários ao impeachment. Dos 19 restantes, 9 são potencialmente favoráveis, restando 10 totalmente imprevisíveis.

Usando a projeção dos mapas teríamos um placar de 155 contrários, 10 indecisos e 348 favoráveis.

Subtraindo as possíveis ausências, seria um placar aproximado de 145 deputados contra o impeachment e 337 golpista, restando em torno de 5 indecisos que podem fazer toda diferença (para o total de 513 faltam 26, que devem ausentar-se mantida a proporção de 1992).

A pressão popular será decisiva. Todos contra o golpe!

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