Hashtag tem estimulado inúmeros desabafos e denúncias contra a opressão de gênero velada ou declarada.

27/11/2015

Por Norma Odara,

De São Paulo (SP)

Desde a noite da segunda-feira (23) as redes sociais, sobretudo o Twitter e Facebook, receberam diversas denúncias e desabafos de muitas mulheres sobre o machismo que sofrem cotidianamente.

A hashtag #meuamigosecreto faz alusão à confraternização do final do ano, onde uma pessoa descreve características do amigo ou amiga que sorteou, antes de revelar a identidade dele ou dela e entregar o presente. No caso, não se trata de brincadeira e a identidade da maioria dos machistas não foi revelada.

A maioria das mulheres denunciou descritivamente abusos psicológicos e físicos que sofreram de diversos “amigos secretos”, sejam eles pais, amigos, parentes, conhecidos e desconhecidos.

Os relatos apresentam a amplitude do machismo: vão desde fatos como insultos até violências mais graves, como abuso sexual.

“Eu andava muito desanimada ao ver como as coisas estavam caminhando em relação ao machismo e racismo, mas essa campanha deu uma esperança, sabe? Eu vi mulheres superando traumas e violências e expondo isso para o mundo. Isso é maravilhoso porque existia um pacto silencioso que determinava que não podíamos falar das violências que sofríamos.”, relata a jornalista Aline Ramos, 25 anos.

Ela também desabafou na rede sobre casos de racismo e machismo que sofreu e conta um pouco em seu blog, “Que nêga é essa?”. “ Precisamos que as vítimas falem e expliquem a situação que estão vivendo para que possamos fazer algo e mudar a sociedade. Vi tudo isso como um grito de ‘Basta!’. Com certeza as mulheres que se envolveram com essa campanha estão mais fortificadas e empoderadas, por mais difícil que seja o processo“, ressalta.

Primavera das mulheres

No final de outubro a hashtag #primeiroassedio movimentou mulheres a descreverem e denunciarem o primeiro assédio que sofreram. Esta iniciativa, diferentemente da #meuamigosecreto, foi criada por Juliana Faria, do site Think Olga.

A hashtag #naopoetizeomachismo também foi muito usada, alertando ao fato de que muitas atitudes machistas acabam sendo “maquiadas” ou sofrem eufemismos para não figurarem como agressão.

As últimas movimentações na rede sobre machismo foram intituladas como “primavera das mulheres” por alguns veículos de mídia, pois coincidiram com datas importantes onde as mulheres foram para rua contra o PL 5069, do presidente da câmara Eduardo Cunha e a primeira Marcha das Mulheres Negras, que ocorreu em Brasília.

Fonte: Brasil de Fato
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